Anticoncepcionais podem alterar a estrutura cerebral da mulher

Mudanças no córtex orbitofrontal lateral poderiam ser responsáveis por aumento na ansiedade e por sintomas de depressão relatados por mulheres que começam a tomar a pílula

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Pílulas anticoncepcionais têm possíveis efeitos colaterais problemáticos, incluindo variações de humor e até mesmo afetando a escolha de parceiros. Um novo estudo acrescenta uma potencial preocupação à lista: hormônios contraceptivos podem causar alterações na estrutura do cérebro e afetar suas funções.

É possível que os hormônios sintéticos encontrados na pílula – e possivelmente a supressão de hormônios naturais que ocorre quando as mulheres tomam a pílula – causem essas alterações, segundo um novo estudo publicado na revista Human Brain Mapping.

Em um estudo realizado com 90 mulheres, neurocientistas da Universidade da Califórnia, em Los Angeles, descobriram quem duas regiões-chave do cérebro – o córtex orbitofrontal lateral e o córtex cingulado posterior eram mais finos em mulheres que usavam contraceptivos orais que em mulheres que não o usavam.

O córtex orbitofrontal lateral tem um papel importante na regulação das emoções e na resposta a recompensas. O córtex cingulado posterior está envolvido com pensamentos interiores e exibem aumento da atividade quando lembramos de memórias e fazemos planos para o futuro.

Mudanças no córtex orbitofrontal lateral poderiam ser responsáveis por aumento na ansiedade e por sintomas de depressão relatados por mulheres que começam a tomar a pílula.

“Algumas mulheres têm efeitos colaterais emocionais negativos por causa da pílula, mas os resultados das pesquisas científicas é inconclusivo”, diz ao The Huffington Post Nicole Petersen, autora do estudo e neurocientista da UCLA. “Então é possível que essa mudança no córtex orbitofrontal lateral seja relacionada a mudanças emocionais que algumas mulheres sentem quando usam as pílulas anticoncepcionais.”

Os cientistas ainda não determinaram se essas mudanças neurológicas são permanentes ou se duram apenas enquanto as mulheres estão tomando o anticoncepcional.

“Precisamos fazer mais estudos para descobrir que comportamentos podem ser alterados, mas este estudo nos dá alguns possíveis alvos, e acredito que o primeiro lugar para observar é o efeito da pílula na regulação das emoções”, diz Petersen.

As descobertas contradizem um estudo de 2010 que afirmava que a pílula engrossava áreas do cérebro associadas ao aprendizado, à memória e à regulação das emoções.

A esta altura, as pesquisas sobre os efeitos neurológicos da pílula são limitadas, então é difícil tirar conclusões. Entretanto, alguns cientistas afirmam que as pesquisas preliminares podem recomendar cautela.

“A possibilidade de que um contraceptivo químico tem a capacidade de alterar a estrutura bruta do cérebro humano é motivo de preocupação, mesmo que as mudanças pareçam benignas – por enquanto”, escreveu o neurocientista Craig Kinsey na Scientific American sobre o estudo de 2010 “De qualquer maneira, as mulheres precisam ter todo tipo de informação médica, e agora neurobiológica, que puderem para tomar decisões sobre o uso de contraceptivos.”

 

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