Conhecido como “continente gelado”, a Antártica registrou no domingo, pela primeira vez, uma temperatura acima de 20 grau Celsius. Cientistas brasileiros do Projeto Terrantar detectaram o avanço dos termômetros na Ilha Marambio, na ponta noroeste da península. As informações são do OGlobo.
Essa parte da Antártica, onde o termômetro bateu 20,75°C, é uma “região sentinela” — ganhou este nome porque as variações climáticas são tão intensas que precisam ser monitoradas constantemente. A longo prazo, as transformações que sofrem podem repercutir em toda a península. A Estação Comandante Ferraz, base brasileira no continente, está na mesma localidade.
— Há vários fatores ligados à alta variabilidade climática, como as correntes marinhas — explica Carlos Schaefer, coordenador do grupo Terrantar da Universidade Federal de Viçosa, que mantém 23 estações de monitoramento na península e em arquipélagos da Antártica. — A região é a origem das frentes frias que atingem o Brasil no outono e no inverno.
Aumento do nível do mar
O efeito mais direto do degelo é a elevação do nível do mar, que pode chegar a 1 metro até 2100, em todo o planeta. A Antártica contribuirá com menos de 10% do total, mas, quando o gelo do Ártico desaparecer, o continente gelado será o maior responsável pelo aumento contínuo dos oceanos.
Jefferson Cardia Simões, vice-presidente do Comitê Científico Internacional sobre Pesquisas Antárticas, avalia que a perda de gelo antártico é dominada pelo aumento da velocidade, recuo e rápido afinamento das principais geleiras da porção ocidental do continente.