A Índia, epicentro mundial da pandemia de coronavírus no momento, estabeleceu nesta quarta-feira (28) um novo recorde mundial de novos infectados por covid-19 em 24 horas: 360.960. É também o primeiro dia em que os indianos contam mais de 3.000 notificações de morte em um período de 24 horas, algo que as autoridades brasileiras fazem há algumas semanas, com raras exceções.
A variante indiana do coronavírus, que pode estar por trás do grande boom da pandemia no Sul da Ásia, mostra em estudos laboratoriais sinais de ser mais contagiosa e resistente a algumas vacinas e tratamentos, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). A variante inclui mutações "associadas ao aumento da transmissão" e com menor capacidade de neutralizar o vírus com alguns tratamentos com anticorpos monoclonais, destacou a OMS em seu relatório epidemiológico semanal.
Da mesma forma, algumas análises feitas nos Estados Unidos mostram uma possível redução dos efeitos neutralizantes das vacinas contra essa variante e até mesmo estudos preliminares com a vacina Novavax-Covaxin mostram que ela não é capaz de neutralizá-la, afirma a OMS. (Efe)
OMS diz que variante indiana foi detectada em pelo menos 17 países
Entidade classificou recentemente a cepa indiana como uma 'variante de interesse', não como 'variante preocupante'. Se fosse classificada como 'preocupante', significaria que é mais perigosa. A variante indiana do novo coronavírus foi detectada em "pelo menos 17 países", anunciou a Organização Mundial da Saúde (OMS) na terça-feira (27).
A nova cepa do vírus é suspeita de ser a responsável pela segunda onda de casos na Índia, que mergulhou o país em uma grave crise sanitária. Conhecida como B.1.617, a variante indiana foi detectada em mais de 1,2 mil sequências de genoma em "pelo menos 17 países", segundo a OMS.
"A maioria das sequências carregadas para o banco de dados GISAID vem da Índia, do Reino Unido, dos Estados Unidos e de Cingapura", afirmou a OMS em seu relatório semanal sobre a pandemia. Nos últimos dias, a variante também foi detectada em vários outros países europeus, como Bélgica, Grécia, Itália e Suíça.
O estudo preliminar da OMS, com base nas sequências fornecidas ao GISAID, indica que a "B.1.617 tem uma taxa de crescimento mais alta do que outras variantes que circulam na Índia, sugerindo que é mais contagiosa".
Mais contagiosa e letal?
A OMS classificou recentemente a cepa indiana como uma "variante de interesse", não como "variante preocupante". Se fosse classificada como "preocupante", significaria que ela é mais perigosa (mais contagiosa, mais letal e capaz de resistir a vacinas). As variantes "preocupantes" (VOCs) são as cepas brasileira, britânica e sul-africana.
A cepa indiana ainda provoca dúvidas. Segundo a OMS, o recrudescimento da pandemia na Índia também pode ser devido a "outros comportamentos", como o não cumprimento de restrições sanitárias e o elevado número de aglomerações.
A organização diz não saber se o maior índice de mortes no país se deve ao fato de a cepa ser mais agressiva, à situação do sistema de saúde indiano ou a ambos. A organização destaca que outras variantes que circulam também são altamente contagiosas e que a combinação de fatores "pode ter um papel na reativação de casos" no país.
A OMS ponderou que "são necessárias investigações adicionais" urgentes sobre o contágio, a gravidade e o risco de reinfecção da variante indiana, para entender seu papel na crise de saúde no país.
2ª onda na Índia
A Índia enfrenta uma explosão de casos e mortes e quebrou o recorde mundial de novos infectados em 6 dos últimos 7 dias. Além de registrar 360.927 novos infectados nesta quarta-feira (28), o país se tornou o 4º do mundo a ultrapassar as 200 mil mortes causadas pelo vírus.
Até então, só Estados Unidos, Brasil e México haviam superado a marca.
Foram 3.293 óbitos nas últimas 24 horas, um novo recorde diário, e pelo 3º dia seguido a Índia foi a nação com mais vítimas da Covid-19 no mundo, à frente do Brasil. Foi o 7º dia seguido com mais de 300 mil novos casos, o que fez o país registrar mais de 2,3 milhões de infectados na última semana.