Pelo menos cem pessoas tiveram contato com os tripulantes do navio MV Shandong da Zhi, que chegou ao litoral do Maranhão vindo da Malásia e que foram diagnosticados com Covid-19. Dos 23 tripulantes do navio, 15 apresentaram testes positivos para a doença e em seis, foi identificada a variante indiana (B.1.617).
Segundo o secretário estadual de Saúde do Maranhão e presidente do Conass (Conselho Nacional de Secretários de Saúde), Carlos Lula, 40 das 100 pessoas que tiveram contato com os seis casos da cepa indiana apresentaram testes RT-PCR negativos para Covid-19.
Ele informou que já foram recebidos, até a manhã deste sábado (22), um total 85 testes. Outros 20 estão sendo aguardados nas próximas horas. Essas amostras estão sendo colhidas pelo hospital particular em São Luís, onde os pacientes que foram infectados foram atendidos.
"Não são, necessariamente, 100 pessoas que tiveram contato com o paciente. O procedimento é de fazer o rastreio. É considerar o técnico de enfermagem que aplicou a medicação no paciente, o enfermeiro, todo mundo que está na escala, a gente pediu para ser testado. Por isso, chegamos nesse número de 100 pessoas. Até o pessoal do laboratório que pegou em algum documento, coletou algum sangue. Fora esses profissionais, a gente teve, basicamente, só o contato com o pessoal do helicóptero. Não teve contato com mais ninguém", explicou Carlos Lula.
Ainda segundo o secretário, neste sábado novos testes serão feitos nos 23 tripulantes do navio MV Shandong da Zhi para atualização do quadro clínico. Essa testagem também está sendo sendo monitorada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Além do Maranhão, o Ceará monitora dois casos suspeitos da cepa indiana.
Segundo a SES, as amostras serão analisadas pelo Laboratório Central de Saúde Pública do Maranhão e caso algum resultado seja positivo, o material será encaminhado para o Instituto Evandro Chagas, em Belém, para sequenciamento genômico.
Piora em quadro clínico
Na manhã deste sábado, foi confirmada a piora no estado de saúde do indiano de 54 anos que foi internado na UTI de um hospital particular de São Luís com sintomas da variante indiana. O paciente está internado desde o dia 14 de maio, quando o navio do qual era tripulante chegou ao litoral maranhense.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) a variante B.1.617 está sendo classificada como um tipo "digno de preocupação global". A análise genética revelou que essa variação apresenta mutações importantes nos genes que codificam a espícula, a proteína que fica na superfície do vírus e é responsável por se conectar aos receptores das células humanas e dar início à infecção.
Em linhas gerais, tudo indica que esses "aprimoramentos" genéticos melhoram a capacidade de transmissão do vírus e permitem que ele consiga invadir nosso organismo com mais facilidade.