Em cinco meses, apenas 10% da população brasileira havia recebido as duas doses da vacina contra a Covid-19. O ritmo lento da campanha nacional de imunização fez com que um casal de Sorocaba (SP) decidisse gastar mais de R$ 20 mil para viajar aos Estados Unidos e tomar a vacina da Johnson & Johnson, a Janssen, aplicada em dose única, no país norte-americano.
Maria Lígia Reze Pedro e Gabriel Pedro Júnior têm 63 e 65 anos, respectivamente. Na época em que fizeram a viagem, no começo de abril, a campanha de vacinação ainda não tinha chegado às faixas etárias deles no Brasil. Nenhum dos dois tem comorbidades.
O casal nasceu em Sorocaba e se mudou para os EUA em 1998, quando Gabriel foi transferido para uma unidade norte-americana da empresa para a qual trabalha. Desde então, os dois se dividem entre uma casa na cidade de Princeton, que fica em Nova Jersey, e outra em São Paulo (SP).
No início de 2020, Maria Lígia e Gabriel, que têm o Green Card americano (documento de residência permanente concedido a estrangeiros pelo governo dos Estados Unidos), decidiram retornar ao Brasil para rever a família. Pouco tempo depois, a pandemia do coronavírus chegou ao país.
Com medo de uma possível contaminação, o casal decidiu permanecer em São Paulo até abril deste ano, quando embarcou de volta aos EUA para garantir a vacina contra a doença. Após receberem o imunizante, os dois retornaram à capital paulista.
A viagem a Miami, na Flórida, com foco na vacinação durou cinco dias. Considerando as passagens aéreas, o hotel e o carro alugado, Maria Lígia calcula ter desembolsado cerca de US$ 4 mil, ou seja, mais de R$ 20 mil.
"Fomos em uma época na qual você não precisava fazer o cadastramento. Era só aparecer no local e tomar a vacina. Também não precisamos fazer quarentena. No nosso caso, por termos o Green Card, a opção por tomar a vacina lá ficou muito mais viável e, por ser uma dose só, ficou perfeito", comenta.
A família da dona de casa no Brasil é composta por mais sete irmãos e 30 sobrinhos. Quatro parentes contraíram a Covid-19 e todos tiveram somente sintomas leves da doença.
"O fato de ainda não termos vacinas suficientes aqui no Brasil é lamentável, triste e, muitas vezes, nos revolta, mas somos pessoas positivas e temos fé de que essa situação irá melhorar", completa Maria Lígia.