José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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O que está por trás da reação Irada à ida de Pochmann para o IBGE?

Por carregar no currículo um perfil mais à esquerda, Pochmann é encarado com desconfiança

A nomeação do economista Marcio Pochmann para a presidência do IBGE tem gerado polêmica incomum entre segmentos do mundo econômico, especialmente partindo de pessoas (basicamente economistas) que já passaram por cargos em governos anteriores. O ponto de discórdia é nitidamente ideológico, pois o preferido e escolhido em caráter pessoal pelo Presidente Lula integra os quadros do PT, como se isso o desqualificasse para o exercício profícuo, competente e equilibrado da importante função.

Por carregar no currículo um perfil mais à esquerda, francamente favorável a um Estado mais forte e atuante, capaz, se necessário, de intervir para conter a ganância incontrolável dos que acham que possuindo muito podem tudo, Pochmann é encarado com desconfiança, daí disparando-se um robusto falatório, logo abraçado por parte de uma mídia que representa os interesses dos liberalistas da economia, os de sempre.

O perfil de gestão do Presidente Lula, nos seus dois mandatos anteriores, não registra intervencionismo descabido em qualquer órgão da administração, nem alguma manipulação capaz de alterar dados ou informações sobre resultados de atuação de órgãos geradores de informações de interesse público. A desconfiança, assim, sobre um nome tecnicamente qualificado com o Pochmann, cai por terra.

GESTÃO PASSADA

O mesmo não se pode dizer das práticas adotadas pelo governo passado, muito especialmente em relação a esse mesmo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, pois todos sabem o que aconteceu com o Censo de 2020- a produção histórica mais importante do órgão-, que deixou de ser realizada naquele ano, quebrando uma tradição centenária, porque os governantes do momento cortaram os recursos orçamentários destinados a uma operação nacional programada 10 anos antes.

O Censo, depois de idas e vindas, de críticas e pressões, só seria realizado dois anos depois e os seus resultados até o momento provocam grande estranheza. O que teria ocorrido com o Censo de 2020, não teria sido uma flagrante manipulação, impedindo que o Brasil conhecesse a sua real fotografia, que nesses anos sob Bolsonaro não se apresentava positiva em quase nenhum dos setores da vida nacional?

Fica bastante evidente que quem deixou de reconhecer o IBGE como um local de se fazer ciência e de se fazer respeitado no mundo, e que o Censo, que se faz pela visitação sistemática e in loco, com coletas de campo, observações, descrições e classificações tomadas por questionários inquestionáveis, foram os governantes anteriores?

HISTÓRIA RESPEITADA 

O futuro presidente do IBGE possui uma história respeitada no mundo acadêmico, ligada à Universidade Estadual de Campinas, onde se tornou doutor em 1993, professor livre docente em 2000 e, em 2014, professor titular da universidade, onde segue até hoje como professor colaborador.

Se há reações negativas ao seu nome por parte dos liberalistas do mercado, deve-se dar atenção, por outro lado, a depoimentos relevantes feitos sobre eles por diversas pessoas progressistas, a exemplo da economista Juliana Furno, uma das mais promissoras cientistas que desponta no Brasil. Segundo ela, Marcio Pochmann sacode por onde passa. Além de excelente coordenador de ações – diz ela-, é um homem que acredita no Brasil, um intelectual de grande prestígio, que fará um belo trabalho no IBGE.

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