José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Maior deflação desde 2017 exige taxa de juros civilizada

Queda expressiva nos preços gera a maior deflação desde 2017 no Brasil

O Brasil registrou em junho a menor variação na taxa de inflação desde o ano de 2017, acusando uma deflação de 0,08%, sendo também a primeira queda média dos preços desde setembro de 2022, quando atingiu 0,67. A queda no mês passado foi 0,59% mais significativa do que a alcançada em setembro do ano anterior.  Quanto ao verificado em junho de 2017, a taxa de agora ficou 0,15% menor no comparativo.

Estes são dados divulgados pelo IBGE, revelando que essa deflação expressiva foi diretamente influenciada pela queda nos preços do grupo alimentação e bebidas, que ficaram 0,66% abaixo,  e do segmento transporte, registrando uma taxa de 0,22% menor que o mês anterior.

ACUMULADO DO ANO

Até junho de 2023, portanto, o acumulado do ano mostra uma posição de 2,87% e nos últimos 12 meses a elevação nos preços é da ordem de 3,16%, ficando menor 0,34% dos registros obtidos nos 12 meses imediatamente anteriores, que apontaram 3,94%. A inflação em 12 meses ficou também abaixo do centro de metas do governo, que é de 3,25 para este ano. Deste modo, a expectativa do mercado, que sempre atua em grau de pessimismo, é de que a inflação brasileira em 2023 fique abaixo de 5%, mais precisamente em 4,95%.

Os segmentos que se apresentaram com preços decrescentes foram comunicação, -0,14%, transportes, -0,41%, artigos de residência, -0,42% e alimentação e bebidas, -0,66%. Isso significa que a comida, com destaque, está chegando mais barata à mesa dos brasileiros, cumprindo-se, assim, o foco do Presidente Lula de atuar fortemente na área social.

PREÇO DOS AUTOMÓVEIS

Na alimentação em domicílio houve uma queda de – 1,07%, puxada pelos preços do óleo de soja (-8,96%), frutas (-3,38%), leite longa vida (-2,68%) e das carnes, que caíram -2,10%. No transporte, a queda foi motivada pela redução nos preços dos automóveis novos (-2,76%) e dos automóveis usados (-0,93%), mostrando que o programa lançado pelo governo para facilitar a compra de carro próprio, com preço mais baixo, alcançou êxito.

PREÇOS NA PETROBRAS

No tocante aos combustíveis, as reduções nos preços foram ainda mais expressivas, com queda de -6,68% no óleo diesel ( com reflexos igualmente no transporte de cargas), do etanol -5,11%, do gás de veículos, -2,77% e da gasolina, -1,14%. Mais uma vez o governo deu mostras de acerto, ao regular os preços na Petrobrás e permitir que o combustível que serve ao transporte baixe mais que o de carros particulares, com reflexos positivos nos preços de bens de consumo da população.

TAXA SELIC

O quadro atual, revelado hoje pelo IBGE, serve para ratificar a compreensão de que a queda nos preços dos produtos e serviços pavimenta o terreno para que as taxas de juros Selic, impostas pelo Banco Central no elevado patamar de 13,75%, caiam finalmente na próxima reunião do Copom. Trata-se de anseio geral dos consumidores, do governo e de todas as pessoas de bom senso, excluindo-se, evidentemente, desse universo, apenas aqueles que sempre enriquecem com suas negociações financeiras diante de taxas muito elevadas.

Se os economistas usam o termo “inflação” para determinar uma situação em que o nível geral de preços ao consumidor está em elevação, de que existe uma perigosa demanda de consumo que justificaria colocar as taxas de juros em níveis elevados, isso não mais se aplica ao Brasil desde o começo de 2023. De lá para cá os preços só têm caído, a inflação oficial despenca a cada levantamento do IBGE e de outros mecanismos de verificação, derrubando por terra qualquer argumentação em favor de taxas tão elevadas da Selic.

Está faltando ao presidente do Banco Central livrar-se da alfinetada do Presidente Lula, que hoje, durante sua live semanal, logo após a divulgação dos dados do IBGE, afirmou que “o Roberto Campos Neto é tinhoso, mas a inflação está caindo e logo a Selic também irá cair.”

Tirando de fora o “tinhoso”, o certo é que há um consenso de que é impossível à economia brasileira conviver de maneira saudável e construtiva diante de taxas de juros tão absurdamente abusivas, as mais altas de todo o mundo, que persistem nesse patamar desde agosto do ano passado, e que seguem travando os negócios, impossibilitando o acesso ao crédito por empresas e pessoas, contribuindo para gerar desempregos e dificultar o crescimento tão desejado e merecido do país.

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