A Cúpula da Amazônia, evento de grande magnitude para as questões climáticas, vai reunir nessa próxima semana (dias 8 e 9), em Belém do Pará, os chefes dos oito países que abrigam a floresta em seus territórios, que se juntarão a inúmeros representantes da sociedade civil, organizações não-governamentais brasileiras e mundiais, para definir estratégias e ações permanentes no campo político, em torno do desenvolvimento sustentável dessa imensa região.
A Cúpula serve, além das estratégias para o momento atual, como uma prévia para as discussões e definições que se darão, em 2025, durante a COP30, evento mundial bastante aguardado por dirigentes mundiais, que correrá também na Amazônia brasileira, já confirmado pelo Presidente Lula. Nessa cúpula que começa na terça-feira, serão abordadas questões atinentes às políticas públicas para a região amazônica, o fortalecimento da cooperação harmônica entre os oitos países envolvidos, dentro dos princípios fixados na OTCA – Organização do Tratado de Cooperação da Amazônia.
Desde o ano de 2009, esta é a primeira vez que os oito países que integram a Amazônia voltam a se reunir, daí a explicação para o enorme interesse que o Presidente Lula tem demonstrado em relação a esse encontro, num momento em que crescem as atenções mundiais sobre a maior floresta tropical do planeta, sobretudo diante do agravamento dos revezes climáticos, que têm trazido sérias ameaças de sobrevivência a todos os seres vivos, com elevação drástica das temperaturas em todo o mundo e riscos iminentes de grandes catástrofes naturais.
Vem de 1970 a formação desse pacto entre os oito estados amazônicos, no compromisso de se reunirem a cada dois anos para estreitar e aperfeiçoar as ações conjuntas, mas de 2009 para cá houve interrupção nesses encontros, o que provavelmente tenha influenciado um acentuado descontrole nos trabalhos de contenção de invasões e desmatamentos, com visível degradação ambiental desse valioso ecossistema. Como convidados da Cúpula, deverão marcar presença em Belém, a República do Congo e a Indonésia( países que também possuem florestas tropicais), a França, em razão da Guiana Francesa, a Alemanha e a Noruega, que são os principais doadores do Fundo Amazônia, além de representantes de bancos de fomento, como IBGE, BID, NBD (Banco dos Brics).
A Amazônia representa gigantesca esperança de que os avanços acelerados de desequilíbrio climático possam ser contidos ou ao menos atenuados. Não é sem razão que dirigentes mundiais e organizações como a ONU têm emitido alertas contínuos, cada vez de natureza mais grave, acerca da elevação das temperaturas, que afetam não apenas o bem-estar e a saúde dos humanos em si, mas têm profunda influência na produção de alimentos e na oferta de água potável para os viventes.
Diversas pesquisas produzidas por entidades ambientais importantes têm alertado que o aquecimento global está fazendo aumentar a desigualdade social em regiões como a Índia, o Brasil , países latinos e países africanos, puxando para baixo o crescimento econômico dos estados mais pobres e elevando a prosperidade dos mais ricos. Considera-se que esse abismo entre nações tenha sido ao menos 25% maior, entre 1961 e 2010, em razão do aquecimento global, conforme aponta um estudo da Universidade Stanford, da Califórnia. Países tropicais africanos foram os mais afetados- os Produtos Internos Brutos da Mauritânia e do Níger estão 40% menores do que estariam se as temperaturas não estivessem aumentando progressivamente.
É hora de acatar as advertências que o Presidente Lula tem emitido, de que os países desenvolvidos, useiros históricos na ocupação desordenada das terras ao redor do mundo, possam agora promover um grande avanço de reparação, colocando dinheiro capaz de promover a recuperação dos ambientes perdidos.