Uma notícia revelada na semana passada, baseada em pesquisa produzida por especialistas da Universidade Católica do Chile e publicada no periódico cientifico The Lancet, tem a exata força de colocar os brasileiros em sinal de alerta. O Brasil se destaca com as mais elevadas taxas de depressão em meio a sua população. Enquanto na América Latina o contingente de pessoas a serem atingidas por essa doença é de 12%, em nosso país esse índice chega a 17%.
No Brasil, a pesquisa teve foco nas grandes cidades, como Rio de Janeiro e São Paulo, mas é seguro afirmar que esse mal está presente em todos os lugares do país. Conforme a Organização Mundial de Saúde (OMS), o Brasil ultrapassa de modo significativo as estimativas da própria instituição para a incidência desse mal, que indicam que é de 5% a real possibilidade de a depressão atingirem as pessoas.
Os dados contidos nesse estudo são severamente preocupantes, sobretudo se considerarmos o alerta feito há alguns meses pela própria OMS, de que nos próximos 20 anos a depressão deve se tornar a doença mais comum em todo o mundo, afetando mais pessoas do que qualquer outro problema de saúde, incluído câncer e doenças cardíacas.
CUSTOS ECONÔMICOS E SOCIAIS
Será, também, a doença que mais gerará custos econômicos e sociais para os governos nacionais, em razão dos gastos com tratamento clínico e do afastamento de mais e mais pessoas dos seus postos de trabalho ao redor do mundo. Segundo a OMS, os países mais pobres são os que mais devem sofrer com essa escalada espantosa da depressão. Atualmente, 450 milhões de pessoas já são afetadas diretamente por transtornos mentais, a maioria delas em países em via de desenvolvimento.
As informações divulgadas na última Cúpula Global de Saúde Mental mostram claramente que o peso da depressão, em termos de perdas para as pessoas afetadas, deve aumentar de modo significativo, a tal ponto que em 2030 ela será sozinha a maior causa de perdas para a população entre todos os problemas de saúde.
A depressão é um transtorno mental associado a sentimentos de incapacidade, irritabilidade, pessimismo, isolamento social, perda de prazer, déficit cognitivo (memória e raciocínio ficam prejudicados), baixa autoestima e tristeza, que interferem na vida diária. Ela afeta as capacidades de trabalhar, dormir, estudar, comer, socializar, entre outros. Esse transtorno é caracterizado por sentimentos negativos e que persistem por pelo menos duas semanas, causando prejuízos.
Especialistas enfatizam que a depressão vai além da tristeza e das emoções naturais. É vital observar se os sintomas persistem a maior parte do dia, diariamente ou por semanas. A doença impacta todos os aspectos da vida e varia em gravidade: leve, moderada ou severa.
OS SINAIS
Embora seja uma doença aparentemente silenciosa, é possível detectar-se seus sinais e adotar as providências necessárias para que o mal não se aprofunde e leve a outras consequências irreparáveis, como o suicídio, por exemplo. Sem um tratamento médico adequado, a depressão apresenta um curso crônico e recorrente. Estima-se que após o primeiro episódio, o risco de recorrências seja de 50%; após o segundo episódio, esse risco cresce para 70-80%, e assim, progressivamente, até um desfecho trágico.
É essencialmente importante ficar atento aos sintomas, dando atenção e cuidado do afeto às pessoas que nos cercam, seja em casa, no trabalho, na escola e em todos os ambientes de convivência.