Rastro Criminal

Crimes reais, mistérios intrigantes, conspirações e segredos

Lista de Colunas

O Açougueiro de Rostov: A história do assassino que assombrou a Rússia

Seu método envolvia tortura e mutilação, e suas vítimas eram frequentemente encontradas com sinais de brutalidade excessiva

Andrei Chikatilo foi responsável por aterrorizar a união soviética entre 1978 ate 1990, quando finalmente foi pego e pagou por todos os seu crimes, ou pelo menos quase todos. Mais de 50 vitimas, entre crianças e mulheres tiveram suas vidas arrancadas com brutalidade por Andrei, que logo ficou conhecido por Açougueiro de Rostov, pois, torturava e mutilava essas mulheres com muita maldade. Muitas vezes arrancava seus olhos, e rasgava suas peles com os proprios dentes. 

Agora essa colunista vai mostrar para você, quem foi Andrei Chikatilo, sua historia, seus crimes, seu trágico fim, e as consequências de sua brutalidade. Mas existe algo que não podemos negar, este assassinano deixou seu rastro na historia do crime de uma forma impossivel de esquecer.  

A vida antes de matar  

Andrei Chikatilo nasceu no dia 16 de outubro de 1936 na Rússia, em uma pequena vila ucraniana. Sua infância foi marcada pelo terror da Segunda Guerra Mundial. Ele cresceu ouvindo historias que sua mãe contava sobre seu irmão mais velho, chamado de Estevan. 

De acordo com sua mãe, aos 10 anos de idade Estevan teria sido assassinado e comido por pessoas durante o holodomor. Essa historia nunca foi confirmada, pois até hoje não há registros da morte e nem do nascimento de Estevan na familia de Andrei.  

Mas o que foi o periodo do holodomor?

O holodomor, conhecido como morte pela fome, ocorreu na ucrânia entre 1932 e 1933. Milhões de ucranianos foram mortos, entre eles, grandes escritores e artistas que na epoca desapareciam misteriosamente.  Foto:Reprodução/Google

Nesse periodo o governo soviético confiscava a produção agricola dos camponeses deixando grande parte da população sem comida. Assim alguns morriam de fome, e outros matavam para comer. O desespero levava as pessoas a cometer canibalismo. Familias se viam em situações tão criticas que recorriam a carne humana para sobreviver.  

Voltando para Andrei Chikatilo  

Andrei viveu em uma época aterrorizante, onde ele via corpos na rua, pessoas sendo mortas em publico, mulheres sendo estupradas, entre outros atos crueis. Além disso, o pai dele foi rendido pelos alemães durante a guerra, o que era vista como fraqueza para as pessoas. Sozinha sua mãe cuidou dele, e de sua irmã em uma pequena casa que so tinha um quarto.  

Desde pequeno Andrei sofria de uma patologia sexual que o deixava impotente. Para ele isso acontecia pois ele teria sido castrado logo após seu nascimento, o que o incomodava bastante. Na adolescência Andrei era um aluno, retraido, timido, sem amigos e com pouca ou quase nenhuma vivencia social. Ele sofria muito bullying na escola pelo seu jeito diferente. Alguns estudantes o consideravam afeminado. Todos os dias Andrei era zombado e humilhado na escola. 

Foto:Reprodução/Getty Images

Assim ele recorreu aos estudos. Era conhecido como um dos melhores alunos, lia bastante e só tirava notas boas. O que o colocava em grandes posições estudantis, levando ele a ter grande prestigio no circulo acadêmico. Mas isso não era necessário para ele ter amigos, ja que não era descolado o suficiente para isso. 

No fim do colégio, as humilhações diminuiram. Andrei ficou mais forte e alto, medindo 1.90 de altura. Mesmo assim a timidez ainda tomava conta de seu corpo.  

O primeiro crime?  

A primeira vez que Andrei teve contato com o sexo oposto foi quando ele tentou estuprar uma menina de 11 anos. Na época ele tinha apenas 15 anos de idade, enquanto a garota tentava fugir, ele acabou tento uma ereção e ejaculou antes mesmo de conseguir finaizar o ato. Assim, ele descobriu que com medo e violência ele conseguia ter prazer. Depois disso, Andrei só foi ter contato novamente com o sexo oposto anos depois.  

Foto:Reprodução/Getty Images

Mesmo estudando muito e sendo um dos melhores alunos, Andrei não conseguiu passar na universidade, para ele isso aconteceu por conta da reputação de seu pai. Sem opção, ele entrou para o exército. Assim, ele acabou mais uma vez tendo experiência com a violência. Três anos depois ele sai do exército e começa a trabalhar em tempo integral em uma empresa como engenheiro de comunicação.  

O casamento

Apartir disso, seu novo objetivo era casar e construir uma familia, e ele conseguiu. Em 1963, a sua irmã, que sabia dos seus problemas com mulheres e de sua falta de iniciativa, apresentou uma moça para ele, que se chamava Fiadossa E depois de duas semanas eles já estavam se cansando.  

Eles se casaram e logo depois, ela descobriu o problema sexual que ele tinha. Desde o começo ela sabia que a unica forma de seu marido ter uma ereção era com violência, e mesmo assim continuou com ele. Em 1965, eles tiveram a primeira filha que se chamava Ludmilla, logo depois, em 1969 nasce o segundo filho do casal que se chamava Yuri.  

Com a familia grande, Andrei precisava de mais dinheiro, ele resolveu fazer um curso de literatura russa. Com seu diploma, Andrei ressucitou a vontade de controle que ele sempre quis ter. Assim ele começa a trabalhar como professor de literatura.  

Foto:Reprodução/Getty Images-Algumas das vítimas

No começo de sua carreira ninguem o levava a sério, os alunos não o obedeciam durante a aula, ele não conseguia ter autoridade alguma. O que prejudicava sua autoestima, ele se sentia um completo fracasso.  

Outro crime

Em 1973, ele assediou uma aluna de 15 anos pegando em suas partes intimas. A escola foi avisada, mas nada foi feito. Depois disso, a situação piorou, Andrei começoiu a perseguir as alunas. Ele ficava observando elas trocarem de roupas pelas janelas dos dormitórios. Assim, ele começava a receber muitas reclamações das alunas que o denunciavam para diretoria. Sendo demitido logo em seguida devido aos altos indices de reclamações.  

A familia de andrei, não tinha noção alguma de seu comportamento doentio. Muito pelo contrário, dentro de casa, Andrei era um pai presente e carinhoso. Ele era quieto, não levantava a voz e quase nunca discutia. Ele tentou encontrar outros trabalhos como professor mas não conseguia pois já tinha muitas reclamções que vieram da escola anterior, sua fama lhe caiu mal.  

Foto:Reprodução/Getty Images

Logo a familia se muda para uma outra cidade para que ele tentasse arrumar um emprego. Nessa outra cidade, com 40 anos, ele começa a assediar crianças. Nesse periodo ele percebe de vez que a única forma de satisfazer seus desejos sexuais era matando mulheres e crianças.  

Os crimes  

Após conseguir um trabalho, Andrei decide comprar um galpão antigo escondido de sua familia. Esse imovél seria usado exclusivamente para que cometesse seus atos cruéis.  

Em 22 de dezembro de 1968, Andrei levou uma menina de 9 anos de idade, chamada Elana Zacarias para o Galpão. Chegando lá ele não conseguiu ter uma ereção e como não conseguiu estuprar a garota ele ficou com bastante raiva, consumido por esse sentimento ele esfaqueiou a menina várias vezes no estômago. 

Ao ver o sofrimento de sua vitima que sagrava bastante, Andrei ejaculou. Ao perceber que ela tentava falar e pedir socorro, ele a estragula até a morte, logo em seguida ele joga o seu corpo em um rio próximo. Dois dias depois a policia consegue encontrar o corpo. As evidencias levaram os policias até a casa de Andrei. Pois, do lago até a sua casa haviam varias gotas de sangue, que traçava um caminho perfeito para a seu imovél. Mesmo assim Andrei desmente as acusaçãões afirmando que não tem nada haver com o crime.  

Foto:Reprodução/Getty Images-Andrei preso

A policia acabou prendendo o vizinho, Alexander que tinha 25 de anos , pois ele já tinha ficha na policia por estupro e assasinato. Assim ele foi culpado pelo crime que não tinha cometido e sentenciado a morte.  

Em 1981 Andrei muda de emprego, agora ele trabalha em um complexo industrial. No dia 03 de setembro do mesmo ano, acontece o segundo assassinato ele estava parado em um ponto de ônibus ate que ele avistou uma menina chamada Larissa que possuia 17 anos. Andrei a levou para uma floresta , mais uma vez ele não consegue ter uma ereção, com muita raiva ele começa agredir Larissa, colocando terra em sua boca para que ela não conseguisse pedir socorro. 

Neste dia, Andrei não possuia nenhuma arma com ele, assim ele a estragulou até a morte e mutilou seu corpo com os próprios dentes. Depois disso, ele deixou o corpo no mesmo lugar e fugiu.  

Em junho de 1982, ele consegue outra vitima. 

Andrei estava fazendo uma viagem para uma cidade vizinha, e mais uma vez no ponto de ônibus ele avista uma garotinha de apenas 13 anos, ela estava indo embora para casa a pé. Andrei começa a seguir a menina, até que consegue agarrar ela e a arrasta para uma vala, onde a espanca e tira suas roupas. 

Na época Andrei conheceu uma supertição que dizia que os últimos momentos de vida de uma pessoa ficavam estapados em seus olhos, então depois de matar a menina ele arrancou seu olhos, repetindo isso as próximas vitimas.

Foto:Reprodução/Getty Images

Depois disso, ele nunca mais parou, o tempo de um assasinato para outro ficou mais curto. Ele matava meninas, crianças e mulheres de diversas idades. Ele conseguia capturar suas vitimas inventando historias que a persuadiam para o acompanharem ate o local onde ele as matariam.  

Assim a policia começava a encontrar vários corpos em rios, florestas e valas. Andrei sempre fazia a mesma coisa com suas vitimas. Logo, os policiais percebiam assim que todos os corpos encontrados tinham muitas semelhanças. Ou seja, seu modus operandi que foi identificado pela policia.  

As investigações

Com muitos corpos sendo encontrados, e sem um suspeito a vista, as investigações começaram. Em 1984, os moradores da região onde Andrei cometia os crimes, deram uma descrisão do assasino, e no mesmo ano, Andrei foi preso por um policial disfarçado que viu ele em um ponto de onibus tentando atrair uma criança para perto dele.  

Nesse dia ele carregava uma maleta que dentro tinha uma faca grande. A policia consegiu pegar uma amostra do sêmen que ficava em cima das vitimas, conseguindo assim identificar um tipo sanguineo do assasino, que foi comparado com o tipo sanguineo de Andrei, mas não era compativél. 

Foto:Reprodução/Getty Images-Acessorios de Chikatilo

O motivo era que Andrei tinha uma rara condição genética onde a unica forma de descobrir seu tipo sanguineo real era fazendo testes apenaa com o seu sangue, não podia ser com nenhuma outra coisa. Se não fosse feito direto com seu sangue, o resultado encontrado não bateria.

Sem provas suficientes, Andrei foi solto. Mesmo assim ele cumpriu pena po assedio. Andrei deveria ter ficado preso por 1 ano, mas acabou sendo solto 3 meses depois de sua prisão por bom comportamento.  

Quase pego

Ele consegue um emprego em uma fabrica locomotiva, ele para de cometer crimes até o meio do ano de 1985. Logo depois, ele volta a cometer seus crimes, mas o que ele não sabia era que estava sendo vigiado por investigadores de Moscow. Em novembro de 1990, ele matou uma mulher de 22 anos da mesma forma que matava sus outras vitimas, deixando seu corpo na floresta.  

Um dos investigadores, que estava seguindo Andrei o viu saindo da floresta com terras nas mãos, e com a blusa manchada de sangue. Mesmo assim, o policia não para Andrei e nem entra na floresta para investigar.  

Duas semanas depois o corpo da mulher é encontrado, fazendo com que Andrei vire suspeito novamente, mas como não tinha evidencias que o ligassem diretamente ao crime, ele foi solto. Mas os policias continuaram o seguindo para conseguir uma prova concreta que o ligasse diretamente aos eus proprios atos.  

A confissão

Em um determinado momento, Andrei foi visto tentando atrair crianças, os investigadores o prenderam nesse momento. Mesmo assim, ele achava que era mais inteligente que a policia, e ficava insistindo na sua inocência. Nesse mesmo dia que ele foi preso a policia encontrou uma faca e uma corda. Ele foi preso durante 10 dias, até que no dia 30 de novembro de 1990 ele confessa seus crimes, explicando como cometeu cada crime, detalhe por detalhe, chegando a encenar como tudo acontecia. Ao todo, Andrei confessou ter matado 76 mulheres e crianças. 

O julgamento

Durante o julgamento, o analista forense explicou a rara condição genetica que ele possuia, mas isso sempre foi ridicularizado no mundo inteiro, as pessoas não acreditavam nesse fato. Mesmo assim o juiz aceitou essa analise.  

Depois de um tempo Andrei começa a negar a autoria de seis assassinatos e apresenta quatro novos. Andrei alegou ter sido uma vitima do antigo sistema sovietivo, chamando a si mesmo de besta louca. No fim, ele foi condenado pelo assasinato de 53 pessoas.  Foto:Reprodução/Getty IMages

O psiquiatra de Andrei Chikatilo observou que os métodos que ele usava para matar, os locais escolhidos e a maneira como ele executava seus crimes revelavam um profundo desejo de controle sobre suas vítimas. Esse controle ia além da violência física, demonstrando uma necessidade de domínio completo, como se ele quisesse possuir as pessoas que atacava. 

Além disso, houve um período em que Chikatilo interrompeu seus assassinatos por cerca de um ano. Quando retornou, ele passou a cometer os crimes com uma brutalidade ainda maior, indicando um agravamento em seu comportamento e uma escalada na violência dos ataques. 

A sentença  

O julgamento começou no mês de agosto, a defesa afirmava que Andrei teria sido forçado a confessar os crimes alegando que as analises psiquiatricas e as evedencias eram falsas. Durante todo o seu julgamento Andrei ficou dentro de uma jaula. Em um determinado dia ele comecou a cantar e a falar varias frases sem sentido. Ele foi levado para fora do tribunal.  

Em seguida o Juiz ordena que ele retorne para o tribunal e oferece a ele uma ultima oportunidade, pedindo para que ele falasse. Nesse momento, ele fica em completo silencio.  

Em 14 de outubro de 1992, seis meses após o inicio do julgamente, o juiz declarou Andrei culpado de todos os seus crimes, o condenando a morte. Ao ouvir a declaração Andrei surtou dentro de sua jaula, gritando e chamando o juiz de vigarista, gritava frases sem sentido, e afirmava ter lutado por uma Rússia livre, cuspiu e jogou seu corpo no chão pedido para ver os cadaveres.  

No corredor da morte, Andrei concedia diversas entrevistas a jornalistas de todo o lugar do mundo, chegando ate a participar de imagens para documentarios. Na prisão ele recebia centenas de pedidos para ser entrevistado. Institutos de pesquisa de saúde mental na Alemanha, Estados Unidos e Japão se desesperavam para o governo russo não executar Andrei, oferenco ate altas quantias de dinheiro para que ele ficasse vivo para estudos psicologicos.  

A morte do assassino

Aos 57 anos, em 14 de fevereiro em 1994, Andrei foi executado com um tiro na cabeça. Até hoje ele é conhecido como um dos maiores serial killers da historia do crime.  

Graças a Andrei Chikatilo, a Rússia decidiu fortalecer a cooperação com o FBI para investigar assassinos e serial killers, estreitando a parceria entre as duas nações em casos criminais. A necessidade de aprimorar as técnicas de investigação ficou evidente com os horrores cometidos por Chikatilo, levando a uma aproximação entre as autoridades russas e norte-americanas. 

Como ficou a familia 

Após a execução de Chikatilo, sua esposa vendeu o apartamento onde moravam e se mudou para Kharkov, levando consigo os filhos Ludmilla, que já era casada, e Yuri. Ambos retiraram o sobrenome Chikatilo de suas identidades.  

Em 1996 Yuri foi condenado a 2 anos de prisão por extorquir um empresario de rostov. Ele foi solto em 1998 e foi preso novamente por roubo, passou mais de 6 anos  na cadeia e em 2004, aos 37 anos, ele foi solto e abriu um empresa para construção civil.  

Yuri chegou a conceder algumas entrevistas nas quais falava sobre o pai, Andrei Chikatilo. Ele afirmou que a família demorou a acreditar que Andrei havia cometido todos aqueles crimes, pois ele sempre foi um pai presente e carinhoso. Yuri recordava que o pai levava a família para pescar e participava ativamente da vida familiar. A descoberta de que Andrei era responsável por matar crianças abalou profundamente sua mãe, que também o via como um homem amoroso e dedicado. 

Yuri Chikatilo, filho do serial killer Andrei Chikatilo, na praça de Maidan, em Kiev, palco sangrento da crise Ucrânia-Rússia. Créditos: HTB.

Apesar disso, Yuri sempre teve uma visão diferente do pai. Ele revelou que o via como alguém fraco, tanto física quanto moralmente. 

Já ludmilla, se casou duas vezes. Outro ponto, é que após a sua morte os filhos de Andrei foram diagnosticados com esquizofrenia. Em 2009, Yuri, ja com 39 anos, foi preso por tentativa de assasinato na cidade de Karkov. Ele teria esfaqueado varias vezes um homem em um banheiro publico da cidade. De acordo com Yuri, isso aconteceu pois esse homem teria tentado roubar o seu carro, então ele perseguiu o homem ate esse banheiro e os esfaqueou varias vezes.

Mas o homem estava acompando de uma amigo que afirma que eles estavam de negocios na cidade, quando o Yuri os abordou e levou o homem até esse banheiro. Felizmente o homem sobreviveu ao ataque. 

Atualmente não ha mais informações sobre a familia de Chikatilo. As facas e os itens que Andrei Chikatilo usava para assassinar suas vítimas, juntamente com algumas roupas e documentos estão em exibição no Museu do Crime de Rostov. 

 

Carregue mais
Veja Também
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.


Tópicos
SEÇÕES