Blocos de rua constroem a tradição do Carnaval de Teresina

Fuleras, Dedim, Batata e Barão de Itararé fazem grandes festas nos bairros

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 Os blocos dos bairros de Teresina animam a cidade de Norte a Sul. Neste domingo (3) de Carnaval não foi diferente. A folia invadiu as ruas e os teresinenses mostraram que a construção de uma folia de momo tradicional parte do povo e da vontade de ser feliz. 

Bloco das Fuleras espera 5 mil pessoas

O Bloco das Fuleras acontece há 14 anos no bairro Tabuleta, zona Sul de Teresina. Com expectativa de público de até 5 mil pessoas, o bloco surgiu da brincadeira de cinco amigos que se reuniam em um bar da região. A brincadeira cresceu e hoje o Fuleras é um dos maiores da cidade. A animação começou cedo da tarde, logo às 15h.

O bloco surgiu a partir da ideia de empoderar as travestis, fazendo com que os homens usassem roupas de mulheres. “Tem uns traíras que traem o movimento é vem de homem mesmo”, conta Neto Fulera, um dos organizadores do bloco.

O estudante João Victor Miranda, de 16 anos, vem ao bloco desde que era um bebê. Este ano, mesmo com o pé quebrado, ele não deixou de vir. “É uma tradição que não pode ser quebrada”, avalia.

Crédito: Lucrécio Arrais

Bloco do Dedim: boneco de três metros homenageia agitador cultural

A ameaça de chuva não dispersou os foliões do Bloco do Dedim, que começaram a concentração às 16h. Com direito a um boneco de três metros representando Dedim, o dono do bar que deu origem ao Bloco do Paçoca e do Dedim, a comunidade do bairro Saci, zona Sul de Teresina, caiu na folia em grande estilo. 

Messias Júnior, filho de Dedim, afirma que os esforços para fazer o bloco partiram dos amantes do carvanal e da história do dono do bar. “Este é o nosso terceiro carnaval. Aqui é um extensão do Bloco do Paçoca, que nasceu aqui, na quadra 19, no bar do meu pai, o Dedim. Dedim faleceu em 2016, mas em 2017 e 2018 nós começamos a fazer uma festa aqui. Então o prefeito lançou o edital dos blocos populares, então conseguimos um incentivo da prefeitura, de uma faculdade e de amigos. Tivemos o apoio de 10 polícias e três viaturas. A festa vai até 22h”, conta.

“O cidadão de bem tem que ir para a rua, não é Bandido, não. Vamos ter um boneco do Dedim, banda e começamos com um bom samba”, acrescenta Messias Júnior.

Vianei de Jesus, empresário que veio de Salvador para prestigiar a história de Dedim, diz que a família do agitador cultural do Saci merece aplausos por manter o carnaval. “É um pessoal de bem que faz muito bem em dar festa popular para o povo. Ainda bem que tem”, disse.

Crédito: Lucrécio Arrais

Crédito: Lucrécio Arrais

Bloco do Batata e da Dalila iniciam com forte chuva 

Dalila e Batata, blocos tradicionais do bairro Mafrense, zona Norte de Teresina, iniciaram com chuva. Mas a organização dos dois blocos garantem que a festa vai continuar. A folia termina toda junta e misturada a partir do som dos paredões, que tocam swingueira e músicas de carnaval. 

Ao toque da cuíca, os populares foram se aglomerando mesmo debaixo de chuva. “Aqui não tem chuva. Tem alegria e água para refrescar. Carnaval na zona Norte é animado, não existe bloco só na zona Leste, não. E já curtimos muito carnaval na chuva. Por que não neste domingo?”, questionou Ítala Barros, feirante. “Passei no Dalila e agora vou ver como está no Batata”, acrescenta.

Dona Maria do Socorro, idealizadora do Bloco do Batata, que este ano completa quatro carnavais, disse que a ideia surgiu dela e os filhos. “Todo ano a gente fazia uma feijoada, então meus filhos disseram para fazermos um bloco aqui da rua. Botei do batata porque vendo batata e cachorro quente. O povo gostou e assim ficou”, lembra.

Crédito: Lucrécio Arrais

Crédito: Lucrécio Arrais

Barão de Itararé: bloco homenageia Anselmo Dias e pede Lula livre 

Tradicionalmente, o bloco Barão de Itararé, o maior da zona Sudeste de Teresina, dispõe de um tom crítico, mais politizado. Mas este ano a produção decidiu homenagear Anselmo Dias, ex-vereador de Teresina já falecido, que trouxe muitas conquistas para a região. 

Rodrigo Maxwel, presidente do Barão, conta que espera 15 mil pessoas. “Anselmo fundou o bloco e faleceu há cinco anos atrás. Deixamos o nosso tom político para fazer um samba de homenagem a Anselmo, que foi um grande homem. Como vereador ele fez muitos benefícios aos bairros da zona Sudeste e foi uma grande liderança”, conta. 

Por outro lado, o público manteve o tom político e pediu “Lula livre”. “O nosso bloco sempre traz uma ideia mais politizada e hoje viemos pedir Lula livre. É preciso justiça para nosso ex-presidente, um homem honesto que foi preso injustamente e fez muito por esse país”, disse Remédios Silva, membra do grupo de teatro que abre alas para o trio elétrico.

Crédito: Lucrécio Arrais

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