Enquanto a maioria das cobras abocanha de uma vez suas presas, uma serpente encontrada na Tailândia tem um apetite, digamos, mais contido — e um tanto macabro. Segundo um estudo publicado em setembro no periódico Herpetozoa, as cobras da espécie Oligodon fasciolatus devoram sapos ainda vivos, comendo aos poucos cada um de seus órgãos.
A pesquisa foi conduzida por uma equipe formada por cientistas da Dinamarca e da Tailândia, liderados pelo herpetologista Henrik Bringsøe. Os pesquisadores documentaram três ocasiões em que a cobra abre o abdômen de um sapo — e não é qualquer sapo: todos são da espécie Duttaphrynus melanostictus, conhecida por secretar, a partir de glândulas no pescoço, um veneno potente.
A serpente insere toda sua cabeça e retira, um a um, os órgãos do anfíbio ainda vivo. Embora os sapos tentem lutar, todas as situações observadas foram em vão. Os ataques podem durar algumas horas, dependendo dos órgãos que a cobra arrancar primeiro.
Os pesquisadores se perguntam: será que as cobras adotaram essa abordagem sofisticada para evitar serem envenenadas? Em um quarto caso, uma cobra comeu por inteiro um sapo menor, mas da mesma espécie. Uma hipótese é que animais menores sejam menos tóxicos. Outra ideia é que essas cobras possam ser resistentes ao veneno do anfíbio.
Felizmente, essa espécie de cobra é inofensiva para os humanos. No entanto, Bringsøe não recomendaria ser mordido por ela. “O fato é que elas podem causar grandes feridas que sangram por horas, por causa do agente anticoagulante que injetam na corrente sanguínea da vítima", diz o pesquisador, em nota.