De acordo com pesquisa divulgada no fim de março pela revista da American Heart Association, quem sofre de periodontite, uma infecção severa que ataca as gengivas – e depois os ossos que sustentam os dentes – têm risco aumentado para hipertensão.
A doença periodontal atinge mais de 50% da população mundial e, entre os idosos, o percentual passa de 60%. Sintomas como gengivas inchadas e doloridas, que sangram durante a escovação, gosto ruim na boca, próteses parciais que ficaram desajustadas, ou dentes amolecidos, são alertas importantes.
Trabalhos anteriores já haviam mapeado tal associação, como lembrou a cirurgiã-dentista Eva Muñoz Aguilera, pesquisadora do Eastman Dental Institute, em Londres. “As evidências mostram que a bactéria periodontal danifica as gengivas e dispara uma resposta inflamatória que pode desencadear doenças sistêmicas. Pacientes com periodontite frequentemente apresentam pressão arterial elevada, principalmente quando há inflamação e sangramento. A hipertensão é assintomática e muitos indivíduos podem ignorar que apresentam risco aumentado para complicações cardiovasculares”, afirmou.
O estudo comparou adultos com doença periodontal generalizada com um grupo controle que não sofria da doença. Além de terem a boca examinada, os participantes se submeteram a exames de pressão arterial e de sangue, com a contagem de glóbulos brancos e medição da proteína C reativa (PCR), que são marcadores de processos inflamatórios no organismo. Aqueles com periodontite tinham o dobro de chances de apresentar um quadro de hipertensão. Também apresentavam taxas piores de glicose e LDL (o colesterol ruim).
Usar fio dental e escovar os dentes e a língua são medidas eficientes para garantir a saúde da boca. Escovas precisam ser substituídas a cada três ou quatro meses, ou antes se as cerdas estiverem gastas. Pacientes com demência necessitam de estímulo extra para escovar os dentes. Os cuidadores devem ser treinados para garantir a higiene dental dos idosos pelo menos duas vezes por dia.