O final de semana chegou e muita gente não abre mão de uma boa cerveja com os amigos ou até mesmo algumas taças de vinho. No entanto, muita gente esquece de tomar cuidado com um detalhe importante, a associação de álcool e alguns medicamentos. Misturar bebida alcoólica com alguns fármacos como o paracetamol e outros analgésicos pode ser bastante danoso para o fígado.
O fígado é um importante órgão do corpo humano, pois desempenha importantes funções para o bom funcionamento do organismo. Ele atua na desintoxicação do organismo, no armazenamento de nutrientes, como glicose, lipídeos, proteínas, ferro e vitaminas, além de participar do processo digestivo e na produção de substâncias importantes para a saúde.
O órgão, no entanto, tem suas fraquezas e requer alguns cuidados. “Além do consumo de bebidas alcoólicas, a presença de vírus causadores de hepatite e o uso de medicamentos como isotretinoína (famoso Roacutan) entre outros para combater a tuberculose (rifampicina, pirazinamida, isoniazida) e câncer (vincristina, metotrexato, ciclofosfamida) podem causar lesões no fígado”, aponta Thiago de Melo, farmacêutico, professor de pós-graduação nos cursos de Ciências Farmacêuticas e Farmacologia e no curso de graduação de Medicina da Universidade Vila Velha (UVV).
Impacto negativo no fígado
Caso ultrapasse a dose recomendada, o paracetamol, um dos analgésicos mais conhecidos, pode contribuir para impactar de forma negativa o bom funcionamento do fígado. “Se a exposição à substância ultrapassar a dose aproximada de 4 g/dia em adultos ou 50–75 mg/kg/dia em crianças, ocorrem diversos problemas. Registros na literatura mostram que se uma pessoa consumir de uma vez o equivalente a dez comprimidos de 750mg (ou mais de 150 mg/Kg em crianças), os danos no fígado e rins podem ser irreversíveis”, alerta o professor.
Existem alguns fatores que podem aumentar a intoxicação por paracetamol e um deles é o consumo crônico de bebida alcoólica. Pessoas tabagistas, idosas, desnutridas e com doenças hepáticas prévias também correm mais riscos. O farmacêutico, no entanto, lembra que o paracetamol precisa ser convertido pelo próprio fígado em um metabólito chamado NAPBQI (N-acetilparaiminobenzoquinona) para então tornar-se algo danoso ao organismo.
“É como se fosse uma granada que precisa ser retirado o pino para que ela exploda. Doses entre 1 e 2g/dia em adultos e 50–75 mg/kg/dia em crianças, há soldados de sobra para desarmar essa bomba, chamados de glutationa, que estão na linha de frente. Por isso, em caso de dores leves/moderadas e febre, o remédio apresenta boa margem de segurança. Dois comprimidos por dia de paracetamol 750 mg não são capazes de causar danos no fígado. O problema é quando a dose ultrapassa 3.5 a 4g/dia”, avalia.