A demência tem sido cada vez mais alvo constante de diversos estudos dado a números alarmantes e uma crescente assustadora da doença no mundo. Ao menos 1,76 milhão de pessoas com mais de 60 anos têm alguma forma de demência no Brasil.
Além disso, a maior parte dos afetados – uma fração ainda não bem conhecida que, segundo especialistas, pode superar 70% do total – nem sequer tem diagnóstico, o que os impede de receber tratamento adequado para ajudar a controlar as alterações de memória, raciocínio, humor e comportamento que surgem com a progressão da doença.
A demência é uma das principais causas de incapacitação de idosos e gera um impacto físico, psicológico, social e econômico tanto para as pessoas com a doença como para quem cuida delas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2019 foi gasto no mundo US$ 1,3 trilhão para atender a pessoas com demência.
Nariz pode ser a chave, diz estudo
Os sinais dessa enfermidade nem sempre têm ligação com a memória, como muitos pensam, aponta uma nova pesquisa. De acordo com o estudo, o nariz também pode fornecer pistas importantes. A perda do olfato pode ser um sinal de alerta precoce de demência e doença de Alzheimer.
A conclusão é de uma pesquisa do National Institute of Aging, dos Estados Unidos. O declínio no sentido do olfato já havia sido confirmado como um sinal de alerta precoce para a doença de Alzheimer em estudos anteriores. No entanto, sua conexão com o aumento de biomarcadores de imagens cerebrais que possuem relação com demência ao longo do tempo não havia sido estudada tão de perto.
Detalhes do estudo
O estudo acompanhou 364 participantes durante um período médio de cerca de dois anos e meio. A equipe descobriu que pontuações mais baixas nos testes olfativos estavam associadas a uma maior chance de desenvolver comprometimento cognitivo leve. Essa alteração estava associada ao Alzheimer e outros tipos de demência.
Os participantes eram inicialmente normais cognitivamente. Eles receberam testes cognitivos e de identificação de odores e tomografias PET, um tipo de imagem cerebral que pode detectar depósitos de beta-amiloide e tau associados ao Alzheimer e demências.
Durante o período do estudo, 17 participantes, ou 5% do total, apresentaram comprometimento cognitivo leve, dos quais 11 casos tratavam-se de Alzheimer, três de demência vascular e um de demência frontotemporal. Dois não tiveram especificação com base nas características clínicas.
Descobertas
A equipe descobriu que cada ponto de menor desempenho no teste de identificação de odores estava associado a uma chance 22% maior de comprometimento cognitivo. As tomografias cerebrais deste subconjunto de participantes mostraram que pontuações olfativas mais baixas estavam associadas a níveis mais elevados de Alzheimer. Havia indicadores especialmente em regiões associadas ao sentido do olfato.
Além disso, os participantes com maior declínio olfativo ao longo do tempo apresentaram níveis mais elevados de amilóide e tau em regiões relacionadas ao olfato e à memória. Estes resultados indicam que a perda da função olfativa está intimamente ligada ao nível e à progressão dos danos neuropatológicos observados no Alzheimer. Os investigadores esperam dar seguimento a este trabalho para analisar mais profundamente se o olfato pode prever outros tipos de alterações neurodegenerativas relacionadas com a demência.