Um estudo publicado na revista Pesquisa Veterinária Brasileira relatou pela primeira vez a presença da pitiose cutânea no bioma amazônico. A pesquisa, fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ) e a Universidade Estadual Paulista ‘Júlio de Mesquita Filho’ (UNESP), revela de forma inédita a presença dessa doença na Amazônia e abre novos precedentes para os diagnósticos e tratamentos veterinários usados na região atualmente.
A pitiose cutânea é causada pelo oomiceto Pythium insidiosum, um organismo com estrutura semelhante a de um fungo que penetra na pele durante o contato com ambientes aquáticos contaminados.
Segundo José Diomedes Barbosa Neto, professor titular na UFPA e coordenador do estudo, o bioma amazônico apresenta características favoráveis para a sobrevivência e reprodução desse organismo. “Há muitos lagos e fontes de água onde os animais entram no intuito de se refrescar, já que é uma região bem quente. Aí há a possibilidade da contaminação dos animais pelo Pythium e posteriormente o desenvolvimento da doença”, destaca o pesquisador.
As análises foram feitas em 37 animais com suspeita de pitiose em propriedades do estado do Pará, sendo 34 cavalos e três mulas.
A confirmação da doença se deu após a identificação do patógeno no organismo dos animais estudados. “Com a expansão da pecuária e a necessidade de se ter equídeos para fazer o manejo desses animais, a população dessas espécies aumentou muito no bioma amazônico”, explica Diomedes Barbosa. “Juntando isso com as condições favoráveis da região, os casos começam a aparecer”, acrescenta.
Os resultados do estudo trazem um alerta sobre a necessidade de despender mais esforços nas pesquisas sobre a pitiose na Amazônia. “Essa é uma doença conhecida na região há muito tempo, mas ela era chamada de ‘esponja’ e acreditava-se que era causada por outro parasita”, relembra o pesquisador.
Diomedes Barbosa salienta que essa confusão vem trazendo grandes prejuízos para os criadores de equinos, porque a identificação precoce da pitiose é uma etapa essencial para que o tratamento tenha sucesso. “Com esse trabalho publicado, agora temos condições de saber que esses problemas de pele estão associados ao Pythium e podemos estabelecer medidas preventivas ou começar o tratamento na fase inicial”, completa.