José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Exclusivo Indústria de transformação do Brasil avança 20 posições no ranking mundial

A indústria brasileira de transformação saiu, em 2023, da 45ª posição no ranking mundial para o 25º lugar, em 2024

Nesta segunda-feira, enquanto participava de um evento no qual a gigante farmacêutica Novo Nordisk anunciava a ampliação de sua fábrica de Montes Claros, Minas Gerais, com investimentos de R$ 6,4 bilhões e a geração de 600 novos postos de trabalho, o presidente Lula recebia outra boa notícia: a indústria brasileira de transformação deu um importante salto em 2024, saindo da 45ª posição no ranking mundial, em 2023, para o 25º lugar, subindo, portanto, 20 posições. Praticamente dobrou de desempenho de um ano para outro.

A informação sobre o avanço brasileiro no segmento industrial vem de um estudo do Instituto para o Desenvolvimento Industrial (IEDI), produzido a partir de dados gerados pela Unido (United Nations Industrial Development Organization), agência da ONU para a promoção do desenvolvimento industrial no mundo. 

Os dados da Unido evidenciam uma expansão de 3,2% da indústria de transformação do Brasil em 2024, significando que a colocação brasileira em 25º, constitui a maior variação para cima entre todos os 82 países que compõem o ranking. Na média mundial, a indústria cresceu 2,3%.

Conforme análise da Tendências Consultoria, os sinais evidentes do crescimento da indústria brasileira em 2024 têm causas bastante identificáveis, todas importantes isoladamente, mas no conjunto totalmente responsáveis  pela obtenção dessa evolução expressiva.

E podem ser vistas nos juros Selic em queda,  o que se registrou entre 2023 e 2024 (que se mantiveram em 10,75% até setembro do ano passado, quando voltaram a subir, encontrando-se hoje em 14,25%), ao forte impulso fiscal com precatórios, ao mercado de trabalho aquecido ( com os menores índices de desemprego da história), à volta vigorosa das famílias ao consumo, ao aumento da renda dos trabalhadores,  aos investimentos realizados no setor industrial, por governo e empresários, sobretudo no movimento de renovação tecnológica do processo industrial.

O setor industrial brasileiro se beneficiou largamente da oferta mais robusta de crédito no sistema financeiro, com taxas de juros menores, mais acessíveis aos investidores do mercado industrial, gerando uma corrida notável  aos empréstimos e financiamentos, fazendo aumentar a produção dos fabricantes e gerando uma pressão positiva sobre os bens de consumo industrial, com busca mais acentuada por produtos considerados nos níveis médio e alto mais duráveis.

Da parte do Governo, contribuiu muito o arcabouço fiscal, que abriu portas relevante para um novo piso para investimentos, ao lado de programas governamentais como o Minha Casa Minha Vida, que favoreceu enormemente a indústria da construção, com insumo disseminados em diferentes cadeias industriais. Junto a isso, o aumento de consumo gerado pelas boas condições econômicas, deu impulso ao crescimeto industrial que agora marca um passo à frente do Brasil. 

Neste momento, as incertezas plantadas pelo presidente norte-americano Donald Trump, de taxação indiscriminada aos países que demandem seus produtos aos Estados Unidos, face à imposição de pesadas taxações tributárias, não se sabe como poderão ficar os negócios nos meses futuros. 

Especialmente no Brasil, onde o Comitê de Política Monetária do Banco Central, o Copom, de costas para essa boa realidade brasileira, voltou a subir os juros Selic a taxas indesejáveis, que já subiram 3,75 pontos percentuais desde setembro de 2024, e vem o boletim Focus do BC dando sinais de que pretende continuar elevando essas taxas. 

Isso acontecendo, como provavelmente será, a indústria , que já sofre indicativos de desaceleração, poderá ver muitas das suas atuações paralisadas. Soma-se a isso tudo a incerteza do que acontecerá nas relações entre Brasil e Estados Unidos, em razão da tributação de 10% que o presidente norte-americano impôs aos produtos brasileiros. 

Embora a taxação ao nosso país tenha ficado entre as mais baixas, é difícil sabe, ainda, como o governo brasileiro reagirá à tarifação, se fará contrapartida retaliatória ou se terá condições de fazer avançar uma negociação comercial levada pelo caminho da diplomacia.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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