
Aconteceu, na manhã desta terça-feira (11), a audiência de instrução e julgamento dos acusados de matar e esquartejar Silvana Rodrigues de Sousa, de 21 anos, em junho de 2024. Durante o interrogatório, Maria Clara Sousa Nunes Bezerra, conhecida nas redes sociais como Clarynha Sousa, negou envolvimento no crime e, chorando, pediu para responder em liberdade.
PARTICIPAÇÃO DE MARIA CLARA
Conforme a denúncia apresentada pelo Ministério Público, Maria Clara, vulgo “Alerquina”, é membro da facção Primeiro Comando da Capital (PCC). “Líder do grupo, foi a mandante do crime, presidiu o “tribunal do crime” e deu a ordem para a execução e esquartejamento da vítima. Participou ativamente do esquartejamento”, consta no documento.

NEGOU PARTICIPAÇÃO
Ela e mais quatro membros da organização, incluindo dois menores de idade, são acusados de realizarem o crime. Durante a audiência, Maria afirmou conhecer a vítima de vista, tendo estudado quando era mais nova, e negou ser integrante de facção.
A Silvana, eu lembro dela porque ela morava no bairro ali vizinho. Eu tenho uma madrinha aquela de igreja católica, que morava ali para o lado da casa da mãe dela naquele bairro São Raimundo. Mas dizer que eu conheci ela no resto da vida, não. Quando eu era pequena que eu ia brincar lá na casa dos meus padrinhos. [...] Eu lembro dela ali, que gente até já chegou a estudar junto.[...] Mas depois que eu não voltei a estudar mais que eu saí do Torquato Neto, eu não tive mais nenhuma conexão com ela não.
O DIA DO CRIME
O inquérito policial concluiu que o crime ocorreu no dia 23 de junho de 2024, por volta das 19h, em uma residência no Bairro Vila da Guia, zona Sudeste de Teresina, onde os envolvidos julgaram e condenaram a vítima em um “Tribunal do Crime". A execução se baseou em uma suposta traição à organização criminosa pela vítima, que teria colaborado com a facção rival, Bonde dos 40.
“Na verdade, quando eu vi ela já estava até morta”, disse a acusada ao negar que teria organizado a morte. Ela relatou que recebeu uma ligação de um dos adolescentes, que lhe pediu para arrumar alguns sacos de estopa. Segundo Maria Clara, ela foi até a casa de seu padrasto, que lhe forneceu o material, e o levou para o local indicado pelo menor. Ela relatou:
Meu padrasto, ele vende carvão. Faz carvão e ele vende, e todo mundo sabe ali pela região que ele faz esse serviço. E me perguntaram se eu poderia arrumar alguns sacos.
Ele me deu os sacos e eu levei lá onde eles pediram para eu levar o saco. Quando eu cheguei, eu me deparei com aquele corpo no chão e eu perguntei para eles o que é que tava acontecendo, porque eu fiquei sem entender. Porque eles não me falaram para que era o saco, eles só pediram.
Questionada sobre o horário em que ela recebeu a ligação, ela apresentou incoerência em sua versão. Conforme a blogueira, a chamada foi feita pela tarde de um domingo, fato contestado devido à morte ter acontecido pela noite de 23 de junho, dia de domingo. O corpo de Silvana foi encontrado dentro de uma sacola, que estava enterrada em uma cova rasa no dia 26, quarta-feira. Ela afirmou:
Porque pela tarde, domingo à tarde, eu me lembro, eu tinha dado já o almoço do meu filho, do mais novo e já tinha colocado ele para dormir no momento que ele me ligou.
Ao ver o corpo, ela afirmou ter entregado os sacos e ter saído imediatamente. “Eu não reconheci no momento quem era, porque acho que não dava para reconhecer aquilo ali, porque tava uma cena horrível, né? E eu quase não queria olhar aquela cena, que aquilo é uma coisa muito forte”, disse.
A FOTO
Uma fotografia onde aparece a perna da acusada próximo ao corpo da vítima repercutiu. Maria Clara explicou que só soube da imagem quando já estava no presídio. Ela negou qualquer participação no crime e afirmou que não se lembra do contexto em que a foto foi tirada. Maria reforçou:
Que me falaram dentro do presídio que eu tinha uma foto naquele local e eu fiquei: Como assim? Eu tenho uma foto? [...] Não consigo me lembrar porque quando eu vi como eu falei, eu tenho crise de ansiedade, aquela cena foi muito forte para mim. O último homicídio que eu presenciei foi o que mataram o meu marido na minha frente.
CHORO E PEDIDO DE LIBERDADE
Chorando, Maria Clara pediu liberdade para cuidar de seus filhos. Ela relatou que seu filho mais velho possui traços de autismo e que o mais novo está com pneumonia. A acusada ainda alegou ser cardiopata, pessoa que possui algum tipo de doença ou lesão no coração. A blogueira disse:
Eu queria só dizer para você, seu meritíssimo, que eu posso pedir uma oportunidade para responder esse caso de liberdade, porque eu tenho três filhos. Meus três filhos não tem pai, eu crio só eles desde pequenos, eu perdi minha mãe muito nova, eu tive que me virar na vida só. E eu queria pedir para você uma oportunidade para pelo menos responder esse caso em liberdade, porque o meu filho mais velho, ele é autista, ele é hiperativo.
Eu queria pedir uma oportunidade para poder cuidar dos meus filhos, porque eu não sou uma mãe ruim. Acho que todo mundo viu aqui, que meus filhos estiveram aqui, todos me abraçando, dizendo que estavam com saudade, entendeu? E essa distância dos meus filhos também tá me maltratando, eu tô tendo pioras no meu caso de crise de ansiedade.