Celebrado anualmente em 2 de abril, o Dia Mundial do Autismo foi instituído pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 2007 para promover a conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA). A data que propõe esse momento de reflexão foi tema de uma entrevista no programa Notícias do Dia, apresentado por Waldelúcio Barbosa.
UM DESAFIO A SER SUPERADO
Embora muitos autistas tenham plena capacidade de desempenhar funções no mercado de trabalho, a inserção ainda é um desafio. Barreiras como o preconceito, a falta de informação e a ausência de adaptações nos processos seletivos dificultam o acesso dessas pessoas a oportunidades formais de emprego.
No Piauí, um projeto inovador vem se destacando nesse cenário e já recebeu reconhecimento internacional. Criado pelo empresário Weiker Pinheiro, ele tem como foco a inclusão profissional de autistas, apostando no talento e nas habilidades dessas pessoas. O modelo de trabalho adotado pela empresa demonstra que a neurodiversidade é importante para produtividade e a inovação.
“Acolha o seu filho, ele é o futuro”
Entre os profissionais autistas inseridos no mercado por meio desse projeto está Herson Carlos, que reforça que a aceitação e o incentivo familiar impulsionam autistas a crescer e ocupar seus espaços na sociedade. Em um depoimento emocionante, ele faz um apelo aos pais, responsáveis e à sociedade em geral.
“Para a mãe que tem um filho autista, para o pai, para o irmão: acolha o seu filho. Ele é o futuro da sociedade. O autista tem suas características, seja nível 1, 2 ou 3, e precisa de apoio e oportunidades. Dê a ele suporte escolar, incentive seu desenvolvimento. Ele pode ter qualquer amigo, pode ser quem quiser—advogado, engenheiro, médico, funcionário público. Ele só precisa de uma chance.”
Herson disse que a inclusão não deve se restringir ao ambiente familiar e escolar, mas se estender ao mercado de trabalho, garantindo que pessoas com TEA tenham oportunidades reais de crescimento e independência.
“Proteja o seu filho, mas eduque-o para que, quando crescer, esteja preparado para o mercado de trabalho. Ele pode ser quem ele quiser, desde que tenha oportunidades. O respeito é a base de tudo. O autista é igual a todo mundo e pode alcançar seus sonhos.”
Empresas que apostam na inclusão
A experiência de Weiker Pinheiro ilustra como a inclusão de pessoas com TEA no mercado de trabalho pode ser benéfica tanto para os profissionais quanto para as empresas. Natural de Fortaleza, ele chegou ao Piauí há três anos para atuar no setor de energias renováveis e, ao buscar estagiários para sua empresa, percebeu o grande número de candidatos autistas com qualificações e habilidades diversas.
A partir dessa constatação, ele decidiu estruturar um banco de talentos, ampliando as oportunidades para esses profissionais. O resultado foi tão positivo que a iniciativa ganhou destaque internacional.
“Muitas empresas ainda veem o diagnóstico do autismo como uma limitação, mas isso está longe da realidade. O que encontramos aqui foram pessoas extremamente competentes, dedicadas e detalhistas, que fazem a diferença no nosso dia a dia”, falou.