A História de um povo é construída, por fatos que possam subsidiar dados suficientes para a solidificação da memória que se transforma em História dependendo do olhar convergente de quem possa construir.
A História de nossa cidade possui um referencial dentro do contexto do patrimônio imaterial que serve de base para contar sua própria história. Alguns se tornaram referência, outros pela forma singela que se apresentam apenas permeiam na memória daqueles que de uma forma ou de outra presenciaram o acontecimento.
Antes mesmo dos meados do século XX, viveu em Valença, o Sr. Benedito, que era mais conhecido por ?Benedito Macaco?.
Examinando pelo codinome, a justificativa veio de imediato ?... criava macacos e andava pelas estreitas ruas da cidade divertindo a criançada?.
Um dos macacos, atendia por ?Xico?, o macho e a fêmea, por ?Xica?. Não se tem notícias se ocorreu procriação.
Aos sábados, os símios eram levados para feita livre, desde o tempo da ?Feira Velha?
Vestidos a caráter, ela de chita estampada e ele de algodãozinho, a calça e a camisa de ?riscado. Na cabeça, ambos usavam um chapéu de palha confeccionado pela Maria Germana.
Na feita, divertiam a criançada e muitos adultos, que levavam os filhos para se deleitarem com as estripulias dos Macacos do Benedito.
Comiam pipocas de milho alho, banana, batata e bebiam a famosa ?gigimbira? do Seu Romão.
Benedito tinha uma filha por nome Maria, que logo lhe foi acrescida o codinome do pai no diminutivo.
Enquanto, Benedito conduzia a animação, Maria Macaquinha, passava a ?cuia? para receber ?tostões? dos que ali se encontravam. No final do dia, faziam o somatório, para Benedito, parte para Maria e parte para alimentação e logística dos macacos.
Na busca de informações sobre Benedito Macaco, relatou um morador da Rua do Maranhão, hoje Praça Pereira Caldas...
__ ?... Era muito divertido?. Nós já esperávamos a Semana Santa, para ouvir o Benedito Macaco, cantar como galo.
Examinando o porquê da metamorfose. Se era macaco e cantava como galo. A resposta veio de imediato ___Aqui em Valença, na Semana Santa, o sino da Igreja não batia. Era utilizado a ?matraca? e nós da Rua do Maranhão, não ouvíamos o som da matraca avisando que a missa da meia noite (sábado da aleluia). Então, o Benedito Macaco, como era ?artiloso?, por uns trocados ficava na incumbência de avisar.
Quando era mais ou menos meia noite, ele subia no patamar da Igreja Matriz, já paramentado com umas asas de papelão, suspendia os longos braços, erguia o pescoço e entrava em cena, cuja metamorfose transcendia o normal: Os braços funcionavam com as asas de papelão e o eco reproduzia o canto do galo. Como era meia note, a cena se repetia doze vezes, asas e canto: macaco se transformava em galo.
Com todo esse reboliço, nós ouvíamos, nos dirigíamos para a igreja para assistir a missa de Ressurreição.
Quando chegávamos, nas imediações do sobrado do Sr. Mira, hoje Quartel de Polícia, estavam nos esperando, o Benedito, a Maria e os macacos. Recebiam os trocados agradeciam e rumavam em direção da Bela-flor onde moravam.
As histórias do Benedito Macaco e de tantos outros personagens anônimos de nossa cidade serão temas para abordagens de que ?a História de um povo, não está apenas nos livros, mas também, nas informações vivas do cotidiano...?.
Texto: Prof. Antonio José Mambenga
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.