Luz para Todos traz oportunidades para o homem do campo

Luz para Todos traz oportunidades para o homem do campo

O Programa Luz para Todos lançado em novembro de 2003 pelo Governo Federal, tem como objetivo acabar com a exclusão elétrica no País por meio de recursos provenientes de fundos setoriais de energia - a Conta de Desenvolvimento Energético (CDE) e a Reserva Global de Reversão (RGR). Demais investimentos são divididos entre os governos estaduais e as empresas distribuidoras de energia elétrica. Já são mais de 14 milhões de pessoas beneficiadas em todo o Brasil.

Com a eletrificação das zonas rurais, os trabalhadores da roça têm agora a oportunidade de usufruir benefícios que antes só tinham acesso quando iam às compras na cidade ou quando viajavam para outros estados. Em São Lourenço do Piauí, a população da zona rural começa a experimentar as novidades e oportunidades que o serviço oferece. Geladeiras, televisões coloridas e outros utensílios domésticos que precisam da energia elétrica para funcionar já são vistos em muitas residências em plena caatinga que há 18 meses não chove.

Tomar água gelada, assistir a TV e ainda poder investir na comercialização de produtos como bebidas e outros derivados, dão uma nova esperança para os agricultores que veem com grande preocupação a seca assolar e castigar a região. Em São Lourenço a maioria da população já foi contemplada com o Luz para Todos e os trabalhadores continuam empenhados em atender a todos de acordo com as definições e prioridades do programa. Prometem que até o dia 20 de outubro comunidades como Poço de Cima, Lagoa das Pedras, Capoeiras e Cisqueiro, sejam beneficiadas com a rede elétrica.

Oportunidades para o comércio e o risco do endividamento

Com a energia elétrica chegando ao homem do campo à venda de produtos eletrodomésticos na cidade de São Raimundo Nonato (Centro comercial da região sudeste do Piauí) teve um aquecimento considerável e como ainda há moradores do interior que esperam pela concretização dos trabalhos de eletrificação, estima se que muitas compras serão efetuadas até o final do ano. Para muitos o natal já chegou na região e este ano poderão aproveitar para fazer uma festa mais requintada como fazem os moradores da cidade.

Ao mesmo tempo em que aumentam as vendas, corre o risco paralelo do endividamento dos novos usuários de bens industrializados. O comércio vem oferecendo promoções e facilidades que permitem a compra imediata. Os que compram a vista conseguem bons descontos. Já aqueles que compram a prazo os encargos aumentam e o tempo para pagar se estende por um longo período.

A maior parte dos moradores da zona rural são beneficiários de programas sociais, outros de aposentadorias. Mas em todos há a certeza de que honrarão seus compromissos e não ficarão sem desfrutar da novidade que chega para facilitar a vida árdua no campo.

Mesmo com essa revolução chegando para facilitar, os pais de família que não possuem renda fixa na região, partem em direção a região Centro Oeste, Sudeste e Sul do País em busca do sustento para os que ficam em casa. Na região poucos são os que conseguem um trabalho que garanta a manutenção do lar.

Além da seca que castiga a todos, há ainda os gastos com a compra de rações para os animais de subsistência como cabras, ovelhas e bovinos, fator que pesa no orçamento do agricultor. Para alimentar cerca de 50 caprinos ou ovinos mensalmente, são necessários a compra de 6 sacos de resíduos de 60 quilos. Saindo cada saco pelo valor de R$ 53. Uma saca de milho de 60 kg é adquirida pelo valor de R$ 43. O criador de bovinos que precise alimentar 50 cabeças, terá de comprar cerca de 50 sacos por mês de resíduo para manter o gado, tendo que desembolsar uma quantia de R$ 2.650 todos os meses.

Muitos dos criadores vendem parte dos animais para manter o restante vivo e alimentado. Os aposentados que recebem um salário mínimo e que além da família possuem criações para manter, pouco lhe sobram, e estes preferem cuidar de um rebanho menor. Aqueles que dependem de remédios precisam fazer milagres, e quando o dinheiro não permite, penduram no caderno, o famoso comprar fiado.

Se não bastasse a compra de alimentos para os animais, estes que os servem nas horas mais apertadas, há ainda um bem mais precioso e útil tanto para o homem quanto para as crias - a água potável, produto que é uma raridade em meio à seca. Em São Lourenço poucos poços foram perfurados, e os que foram conseguidos por meio de cooperações não são mantidos adequadamente. No povoado Mundo Novo há um poço, mas falta equipamento para atender com mais precisão a população local. Moradores esperam que o poder público municipal cumpra com o seu dever.

A água para muitos tem custado caro, R$ 300 é o preço de um carro pipa com 10 mil litros para abastecer uma residência no município. Embora a Defesa Civil faça mensalmente a distribuição de fichas e atenda os domicílios, a demanda é muito grande pelo liquido.



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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