Angústia e revolta no Hospital Regional Senador Cândido Ferraz de São Raimundo Nonato

Angústia e revolta no Hospital Regional Senador Cândido Ferraz de São Raimundo Nonato

Superlotação, filas de espera, falta de médicos e de insumos, é este o quadro da saúde no Piauí

A cerca das reportagens da TV Globo Piauí , que competentemente vem mostrando as ruínas dos hospitais do estado, chegou nestes últimos dias à vez de São Raimundo Nonato, a cidade polo que faz o papel curativo da região, e que notadamente já não suporta o peso de tantas procuras. A população aumentou, mas os recursos para atender a saúde destes cidadãos parecem escassos, ou a administração destes investimentos descumpre o seu papel.

De acordo com a reportagem exibida pela emissora plim plim, o Hospital Regional Senador Cândido Ferraz recebeu a cerca de 3 anos, meio milhão de reais para melhoria de infraestrutura, mas parecem ter esquecido de adequar o corpo efetivo do hospital.

Pela demonstração dos profissionais de saúde desta casa, que embora estejam trabalhando desestruturados, fazem o melhor que podem, e isso é digno de reconhecimento. Eles encaram os problemas do povo, daqueles que veem de todas as partes da região. Como mesmo disse a paciente na matéria, quem tem condição vai a Teresina, e claro, os que não têm dinheiro ou amizade com os prefeitos, encaram a triste realidade, a fila do ambulatório falido ou ficam a espera de um milagre.

Profissão é uma coisa séria e construir uma carreira naquilo que o camarada se forma, levam se anos de estudos e especializações, e claro, os custos são altos, por isso correr atrás de um sonho e de uma promoção é o que mais distancia o profissional de sua origem. Em São Raimundo e região acredito que tem médicos bons, capacitados, mas estão em busca de algo melhor, e isso é digno. Falta o Estado cumprir o seu dever. Pague o médico bem e dê a ele estrutura para trabalhar e verá o sucesso.

Enquanto a máquina pública não gerir estas necessidades e investir no profissional, o povo vai continuar sofrendo, passando dor e morrendo.

Enquanto ficarem neste pingue-pongue de cidades e o interior despachando seus enfermos para o Cândido Ferraz ou para outros, ou até mesmo para a capital (Teresina), não haverá solução. O pior é que não há alternativas, as prefeituras não possuem estrutura suficiente para manter o atendimento, pagar médicos, enfermeiros, etc.

Infelizmente o problema não é somente em São Raimundo, isso vem ocorrendo na maior parte do Brasil. Em São Paulo, por exemplo, na capital, segundo o jornal Folha de S.Paulo, há mais de 600 mil pedidos de exames na fila. Alguns podem levar até 35 meses para serem atendidos. Muitos não comparecem depois desta espera, ou seja, morrem.

Em todo o país as pessoas se apegam ao SUS, o Sistema Único de Saúde, a fada ou Noel que o povo acha simpático, mas não acredita, compara a sanitarista Ligia Bahia, da Fundação Oswaldo Cruz do Rio de Janeiro.

No Brasil são 200 milhões de pessoas em um país de baixa renda que tem o SUS como solução, e infelizmente não é assim que funciona, o sistema está fragilizado e a demanda só cresce.

As desculpas covardes

Para todas as calamidades e agruras sofridas pelo povo há sempre uma resposta padrão, e para a falta de assistência a saúde a justificativa é a falta de recursos. É claro que os recursos são poucos, mas se houvesse uma boa administração e empenho em focar em setores mais emergentes, certamente os hospitais não estariam tão lotados de gente. Gente que precisa mesmo, que sabe o quanto é sofrer e suportar dias sem dormir por falta de uma medicação. Negligência do Estado e daqueles que preferem acudir seus interesses e não os da nação.

É bom saber que existem profissionais que vestem a camisa e fazem das vidas uma prioridade, é um belo feito, mas com a falta de estímulos, cada dia fica mais enfraquecido a rede de solidariedade. Daqui a pouco tempo o que é feito como caridade vai desequilibrar, e os governos que não dão conta de manter o já cambaleante traquejo de seus estados ou municípios, também não vão encontrar respostas para dá ao povo. Dizer o que? Fazer o que? Tudo ultimamente está sendo pensado em privatizar, o que parece não mais haver entendimento do que é a atuação pública. O país prefere entregar a máquina para terceiros operarem a seus modos e interesses lucrativos.

De acordo com dados públicos, a participação proporcional da União no financiamento da saúde no país, vem minguando a cada ano desde que Lula chegou ao poder. Passou de 42% em 2002 para menos de 30% nos dias de hoje, segundo a revista Piauí (cujo nome não tem nada a ver com o estado).

Quem está pagando o grosso são os estados e municípios. A União se seguisse a risca, arcaria com pelo menos 60% do total do dinheiro a ser disponibilizado para acudir as falhas na saúde que está internada sem previsão de alta, pois o governo cansa a nação com mais propaganda que estampam campanhas eleitorais, tentando convencer de que tá tudo bem, mas de fato não está e a sociedade precisa sensibilizar para isto.

O certo é que a imprensa vai continuar fazendo o seu papel, denunciando, se haverá soluções não sabemos, apenas almejamos, cobramos. O que se espera é que haja mais interesse dos governantes para que trabalhem conjuntamente cobrando do governo federal, ao invés de ficarem resmungando em seus cafofos. Já os profissionais da saúde que lutem pelos seus direitos e continuem agindo com ética e parcimônia, tudo vai dá certo, ah como vai.



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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