Uma homenagem ao dia Internacional da Mulher na pessoa de “Tia Marinês”

Uma homenagem ao dia Internacional da Mulher na pessoa de “Tia Marinês”

Tia Marinês | Ronaldo Figueiredo

Numa região historicamente machista, num país que ocupa o 7º lugar em crimes contra mulher registrando em média 4,4 assassinatos a cada 100 mil mulheres, onde se cria delegacias especializadas para tais crimes, leis específicas - Lei Maria da Penha (Lei nº 11.340/2006), e por último criado o Núcleo Investigativo do Feminicídio no Piauí. E, apesar de tudo isso os índices continuam alarmantes, eis que surgem aquelas mulheres que apesar de tudo continuam firmes e fortes.

Neste dia especial, contaremos um pouco da história da Professora Marines Sirqueira de Miranda como forma de homenagear a todas, bem como na esperança de que sua história sirva de inspiração.

Tia Marinês como é carinhosamente conhecida é natural de Redenção do Gurguéia nascida em 18/07/55. Uma mulher que apesar de ter sofrido uma paralisia infantil aos dois anos de idade perdendo assim os movimentos do seu braço direito, não se intimidou com a deficiência e cresceu com a missão de lutar pelos seus sonhos, sabendo que o sucesso provém sempre de grandes batalhas, dificuldades e obstáculos.

Casou-se aos 15 anos de idade e construiu uma família de 11 filhos, dedicando todo seu esforço em prol de uma educação de caráter duradouro e permanente, acreditando que a preparação para a vida, a formação da pessoa, a construção do ser são responsabilidades da família. É essa a célula-mãe da sociedade, em que os conflitos necessários não destroem o ambiente saudável.

Em 1972 conseguiu o seu primeiro trabalho na educação. Foi convidada a dar aula no MOBRAL (Movimento Brasileiro de Alfabetização) onde trabalhou com adultos por um período de 7 anos.

Em 1979 foi contratada pelo POLO NORDESTE para trabalhar na Unidade Escolar Brejinho (rural) como professora de alfabetização onde ali conquistou seu emprego definitivo na rede estadual. Brejinho é sua referência na educação.

Em 1985 passou a trabalhar também (2º turno) na Unidade Escolar Petrônio Portela alfabetizando crianças, hoje professores, advogados, dentistas, enfermeiros entre outras profissões.

Aos 43 anos, ainda de resguardo do seu filho caçula, concluiu o curso superior de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas pela Universidade Estadual do Piauí – UESPI.

Em 2002 fundou sua própria escola, o Educandário da Criança, juntamente com sua amiga tia Zelma, uma escola de referência desde o seu nascimento. Trabalhou três turnos durante 25 anos, fazendo da sala de aula seu segundo lar.

Ainda em 2002 conseguiu mais uma vitória, sendo aprovada no Concurso Público Municipal para professora de Alfabetização. Portanto uma mulher feliz que nesta trajetória da educação, alfabetizou muitas crianças, jovens e adultos inclusive seus filhos.

Hoje, já completando 60 anos, continua dentro da escola. Pela manhã assume a direção do Educandário da Criança com o compromisso de ajudar no desenvolvimento da aprendizagem das crianças que ali estudam; à tarde leciona em uma Creche da rede municipal.

Em casa, apesar da família grande que construiu, está em companhia de apenas dois filhos mais novos. Também conta com o apoio daqueles que sempre lhe fizeram companhia – SEUS LIVROS.

Esta mulher professora também é agricultora, tem a roça no sangue e juntamente com seu filho Naécio, todos os anos produz o arroz, o feijão, milho, tomate, melancia e banana para o consumo e para o mercado local.

Na imagem suas colaboradoras Tia Cléis e Tia Neinha do Educandário da Criança

Parabéns a todas as mulheres

“Os grandes navegadores devem sua reputação aos temporais e às tempestades.”

Epicuro



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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