Longe... bem longe...
Vem de muito longe o Festejo de Santo Antônio ou reza de Santo Antônio - santo casamenteiro - todavia não era esse o motivo das promessas da bisavó de Fiêta, quando levou-a a festejá-lo na localidade Água Fria, onde morava com sua família; foi pela fé, uma história de fé cuja tradição vem passando de geração à geração.
A reza era feita de 1º a 13 junho - trezena - No primeiro dia acontecia o grande momento da abertura com o Levantamento do Mastro, muitos fogos, cantos, sanfona, e era servida a comida para todos os presentes: os juízes, levantadores do Mastro, rezadeiras, romeiros que vinham de outras localidades para ?pedir? e ou agradecer ao santo, as graças recebidas. Tudo isso se repetia no último dia com a derrubada do Mastro, era o arremate.
Com a morte da pioneira, D. Alexandrina, sua filha e vó de Fiêta, assumira a reza até 1978, quando sua vida também fora ceifada. Assim encerra a era Água Fria e recomeça no Tamboril de Delson onde morava Maria Madalena, filha de Alexandrina e mãe de Fiêta que, ficando na direção e sendo mais jovem, deu grande impulso e animação ao festejo o qual ficou conhecido por aqueles que freqüentavam e nos arredores como ?a reza de Madalena?.
Com a morte desta, em 1987, o legado ficou para a quarta geração- seus filhos. Fiêta, a mais nova, e seus irmãos.
1988, primeiro festejo sem Madalena e também sem um local certo, pois encerra a era Tamboril de Delson. Começa a era da peregrinação: O Festejo acontece numa casinha na Grota da Almesqueira. Depois vai para as Pedrinhas de Daniel, a seguir vai para a sede:: Rua Baiana, casa de Cármino: Rua Francisco Nogueira; casa de Josefina, logo mais na casa de Everaldo. Assim a reza de Santo Antonio passa, praticamente, pela casa de todos os filhos de Madalena.
Finalmente, Fiêta consegue uma casa, o lugar não tinha quase morador, não tinha água nem luz, porém muito mato. Mas lá estava o lugar fixo da Reza de Santo Antônio, embora em condições precárias, essa história de fé seguiria sua tradição, mesmo tendo que roçar o mata-pasto para abrir caminho para se chegar até lá; limpar o terreiro e fazer a latada para acomodar as pessoas. ?A fé move montanha?.
O bairro cresceu - de Inferninho a Santo Antônio- nome dado pelo saudoso padre Ângelo. O Festejo também cresceu. Em 2011, com a fundação da igreja e organização do festejo pelo Padre Cristiano; com a continuidade e ampliação da Igreja pelo Padre José Dino nos últimos dois anos e com a colaboração e participação de toda a comunidade, só se tem a agradecer.
Se os antecessores de Fiêta estivessem vivos, certamente se orgulhariam de quão grande estar hoje ?A Reza de Madalena, que embora acontecendo numa igreja repleta de pessoas por todos os lados, por dentro e por fora, com belas missas e pregações de padres de toda a Diocese, embalados por belos cantos, não se deixou perder a tradição; continua com o Levantamento do Mastro, os fogos, a alimentação na abertura e no arremate e o costume da trezena com as rezas e benditos da primeira geração, em especial o bendito do festejado: ?Meu padim Santo Antõe?.
Os mais jovens frequentam a igreja pela fé, pelas graças e, até mesmo para pedir um casamento. Mas além da fé e das graças, são também, essas tradições que arrastam os mais velhos, mesmo de longe, à igreja , para rezar, cantar, ouvir e relembrar esse passado longínquo, que lhes traz as melhores recordações dos tempos idos e de pessoas que aqui não mais estão.
São essas culturas e tradições deixadas por eles que formam os pilares que dão sustentáculo a história da nossa Redenção do Gurgueia.
Parabéns Fiêta e sua geração!
Parabéns Pe. José Dino!
Parabéns Igreja!
Parabéns a todos aqueles que contribuíram e contribuem para esta grandiosa festa - O Festejo de Santo Antonio!!!
Pesquisa: Lucirene Fernandes
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