A fome é, sem dúvida, uma humilhação nacional. Especialmente e um país em que a agricultura produz alimentos em abundância. Aqui não faltam terra, água, energia solar e mão-de-obra. Apesar de usarmos apenas 40% da área agricultável, devemos colher, neste ano, 30 milhões de toneladas de milho; 20 de soja; 10 de arroz; 04 de trigo e 3 de feijão. É uma produção impressionante: São 67 milhões de toneladas de grãos!
Excluindo-se os 15 milhões exportados, restarão 52 milhões para o consumo interno, ou seja, uma média de 346 quilos por habitante/ano. Isso está bem acima dos 250 quilos considerados como alimentação mínima de uma pessoa.
No meio dessa abundância, cabe ao governo organizar uma infra-estrutura que garanta a chegada dessa comida à mesa de quem precisa, em especial os que vivem nos bolsões de pobreza como o do polígono da seca.
Além dos grãos, colheremos, para o consumo interno, outros produtos de alto valor nutritivo ? 32 milhões de toneladas ? incluindo-se aqui 23 milhões de mandioca, 6 milhões de açúcar e quase 3 milhões de batata ? sem falar de leite, carne, ovos e a grande variedade de frutas, em especial banana, coco e laranja.
Ter gente passando fome num país como este é simplesmente inaceitável. O que falta entre nós é vergonha, e não alimento. O problema da fome seria realmente sério se nossa agricultura fosse impotente como acontece na África, que produz apenas cerca de 160 quilos per capta e onde, a cada ano, os países importam mais e mais alimentos. O problema do Brasil é bem mais simples. A sua solução, repetindo, demanda o acionamento de mecanismos governamentais que garantam a chegada desses alimentos à mesa dos que têm fome.
Muita coisa depende, é verdade, da geração de empregos e de um mínimo poder de compra dos que passam fome. Mas a melhoria das estradas, armazéns e entrepostos, contribuiria enormemente para reduzir a força descomunal dos intermediários e baratear o preço dos alimentos para os mais pobres.
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.