A fé, a seca e a chuva

A fé, a seca e a chuva

Francisco Leal - JORNALISTA 292

As tradições e as crendices no sertão do Piauí

A esperança do sertanejo piauiense em bom inverno vai até a próxima terça-feira (19), dia de São José. Se chover nesta data, ele acredita que ainda choverá o suficiente para colher, pelo menos, feijão em quantidade suficiente para se alimentar pelo restante do ano, à espera de um novo inverno. Se não chover, recolhe a enxada e seus poucos apetrechos agrícolas e já sabe que tudo está perdido, é ano de seca.

O dia de São José, no sertão do Piauí, é marcado por muitas orações e pedidos por chuvas. As igrejas amanhecem lotadas de agricultores que, ao final da tarde, saem em procissão entoando cânticos e hinos de louvores ao santo, com o olhar fixo no céu. Qualquer nuvem que surja é motivo de alegria.

Fervor

Um dos santos mais populares do país, o número 1 do agricultor, São José, a quem Deus confiou sua santa família, é saudado em seu dia logo ao amanhecer, num ritual da mais pura fé.

Ó meu divino São José,

Aqui estou a vossos pés.

Dá-nos chuva com abundância,

Meu divino São José.

Durante todo o dia, nas casas mais humildes, diante de pequeno altar, e pelas veredas do sertão, é possível ao passante ouvir cânticos como este, apresentados em forma de súplicas, na esperança e na quase certeza de que a chuva vai cair.:

O sertão é uma espera enorme,

Dá-nos chuva com abundância,

Meu Divino São José...

Sem chuva desde o início de 2012, e com a meteorologia sinalizando para mais um ano de seca, o Semiárido piauiense concentra o maior número de penitentes. São pessoas simples, que aprenderam com seus antepassados as mais diversas experiências para identificar um ano de bom inverno, de fartura no sertão



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