A médica Emanuelle Lima, denunciada na noite dessa segunda-feira (10/04) por pacientes do Pronto Socorro Municipal de Parnaíba, emitiu uma nota de esclarecimentos nas redes sociais. A profissional, segundo testemunhas, teria se negado a atender cerca de 20 pessoas que procuravam por atendimento no único hospital público gerido pelo município.
Segundo ela, há cerca de cinco anos trabalha no pronto socorro e nunca passou por situação parecida. Informa ainda que sempre trabalhou com ética e respeito aos pacientes e colegas de trabalho. A médica relata que por conta da falta de energia elétrica que atingiu boa parte de Parnaíba na noite de segunda-feira, inclusive o bairro da unidade de saúde, algumas fichas de atendimento acumularam.
“Jamais me recusei a atender uma pessoa sequer na minha vida. Aconteceu apenas de ter faltado luz e fichas terem se acumulado. Quando eu e o outro médico voltamos, já encerrado o meu horário, ele não quis atender as fichas que na divisão eram pra ser minhas pelo horário”, disse a Dra. Emanuelle Lima.
A médica informou ainda que sempre trabalha em parceria com os colegas e que não esperava a atitude do outro profissional de plantão em não ajudá-la. Emanuelle Lima foi procurada pelo MeioNorte.com ainda na noite do fato, mas servidores do pronto socorro informaram que ela estava no repouso. A profissional não foi encontrada pela reportagem nessa terça-feira.
O outro médico do plantão, identificado como Júlio César, não foi encontrado para comentar o caso.
Prefeitura apura o caso
Minutos após a Polícia Militar ser acionada para conter os ânimos na recepção do pronto socorro, o secretário municipal de saúde, Dr. Valdir Aragão, esteve presente informando que a direção da unidade deverá encaminhar um relatório para a secretaria informando o ocorrido. Disse ainda que maus tratos não serão permitidos no atendimento ao público.
“Assim que me telefonaram fui imediatamente para o local, até porque se não tivesse médico, eu mesmo vestiria o jaleco e atenderia. Médico que tratar mal pacientes no pronto socorro, infelizmente não ficará por aqui”, enfatizou o secretário que também é medico.
NOTA DE ESCLARECIMENTOS DA MÉDICA:
“Olá, gente. Bom dia. Sou Emanuelle, médica e trabalho no PSM há quase 5 anos. Como vocês sabem, ontem tivemos um contratempo no local e eu gostaria que ficasse definitivamente esclarecido, uma vez que sempre trabalhei com muita responsabilidade, competência e dignidade, e quem conhece meu trabalho sabe o respeito que tenho à minha profissão, às pessoas com quem trabalho e aos meus pacientes. Há cerca de 4 meses contrataram um novo médico e, de modo informal, combinamos entre nós atendermos juntos no horário de 19 às 23horas, horário de pico no plantão noturno e que, depois disso, nós alternaríamos o atendimento noite adentro. O que não impediria que um dos dois, se desejasse, se retirasse um pouco mais cedo caso desejasse ir lanchar ou qualquer outra necessidade, uma vez que o PS estivesse tranquilo em termos de quantidade de pacientes. Todas as vezes que o dr. precisou se ausentar do consultório ANTES do horário, eu assumia a frente sozinha e atendia todos os pacientes, meus ou dele. Não vejo o menor problema nisso. Acho que temos que trabalhar em conjunto e nos ajudar sempre. É assim que as coisas funcionam onde trabalho, inclusive no próprio PS, onde já dividi muitos plantões com muitos colegas ao longo de todo esse tempo e NUNCA tivemos quaisquer problemas, pelo contrário, só soluções. Parcerias servem pra solucionar e não pra nós trazer problemas. Mas voltando ao caso, nesse exato plantão faltou luz depois das 22h. Aguardei um pouco no consultório e o gerador não resolveu o problema. Resolvi ir ao repouso guardar minhas coisas pois não havia nenhum paciente no banco aguardando atendimento e inclusive o próprio médico já tinha deixado o consultório ao lado. A energia voltou. Vi que ele ainda iria lanchar e eu fiz o mesmo. Já eram quase 23 horas quando ele resolveu voltar pro consultório e quando ele lá chegou, achou que eu também deveria voltar e atender os pacientes que chegaram nesse intervalo, mesmo chegada a hora do meu intervalo de repouso. Resumindo, todos têm direito de sair pra usar o banheiro e lanchar e eu nunca fiz questão. Sempre pude aguentar e esperar um pouco mais. E sempre ajudei a todos que, diferente de mim, precisavam, atendendo os pacientes de ambos os plantonistas. Porque exatamente uma única vez que eu faço o mesmo o colega não poderia tomar o exemplo e também atender esses nossos pacientes? Não foram poucas as vezes que ele saiu sem ao menos avisar e eu fiquei lá na frente e resolvi tudo por nós 2. É tão difícil entender e reconhecer? Entendo que isso seja parceria. Um ajudar o outro e trabalhar no intuito de melhor servir e não apenas em próprio benefício. Nunca me importei em cobrir um colega, seja com uma ou umas horas a mais lá na frente ou com mais pacientes. Gosto de conversar; trocar ideias sobre algum caso mais difícil; compartilhar! Isso só nos acrescenta e também é parceria. É assim que trabalho. E mais: Eu não estava NAMORANDO. Tenho casa e o mundo inteiro para isso. E a pessoa citada de modo maldoso na matéria era mais um paciente que fez ficha como os demais e também foi assim medicado, como direito. Então por favor, ouçam antes de falar. Não fui a pessoa que se recusou a ajudar ninguém. Pelo contrário. Eu só queria e acho que merecia um mínimo de reconhecimento e mesmo de consideração e reciprocidade. Mas infelizmente isso não é pra todo mundo e eu hoje sofro as consequências. É lamentável. Obrigada pela atenção”.
Por Kairo Amaral
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.