A Polícia Civil de Parnaíba está apurando denúncias de empresários locais que afirmam terem sido vítimas de um golpe aplicado por uma única pessoa. Um homem identificado como Edílson Garcez da Costa é acusado de comprar mercadorias em lojas e não pagar, se hospedar em pousadas e não pagar, e ainda chega a emitir cheques sem fundo.
Segundo denúncia veiculada na Rede Meio Norte nesta quarta-feira (26/08), o prejuízo no comércio local chega a ultrapassar a quantia de R$ 50 mil (cinquenta mil reais). Para um empresário do setor de informática, por exemplo, Edílson Garcez emitiu três cheques sem fundo durante compras de mercadores. O valor nesta loja chega aos R$ 5 mil (cinco mil reais).
"Primeiro ele me ligou, pegou os preços e mandou o funcionário vir. Perguntou se vendia no cheque e a gente acabou vendendo, só que o cheque voltou e até hoje nada. Depois disso ele mandou uma advogada dele vir comprar alguns celulares dizendo que era para ele. Ele já me ligou dizendo que vai resolver pagando por semana, só que ele nunca apareceu. O meu prejuízo chega a mais de R$ 5 mil reais. A gente trabalha, luta e aí vem um cara desses dando calote em todo mundo aqui em Parnaíba, inclusive até minha esposa foi lesada por ele", declarou o empresário.
A forma de atuação do suspeito em um depósito de construção localizado no Centro de Parnaíba foi praticamente o mesmo. E como se não bastasse, o proprietário do estabelecimento ainda chegou a ser ameaçado quando foi cobrar seu débito a Edílson Garcez.
"Ele me deu um cheque de mil reais. Vendi quatro peças de duzentos e duas de quinhentos. O cheque não tinha fundo e agora eu estou pagando a pessoa que eu troquei esse cheque. Eu fui lá e chamei ele para resolver essa questão e ele respondeu avisando que tinha várias pessoas para ele matar. Eu pedi para resolvermos porque eu conheço o pai dele, sou uma pessoa pobre, e ele falou que ia ajeitar e que não era para pressioná-lo, mas eu disse que não estava pressionando estava atrás do que é meu. Só que até hoje não apareceu, eu não vou mais atrás porque eu tenho é medo do que ele pode fazer comigo", afirmou.
Em outro caso, um jovem denuncia que foi lesado por Edílson através da venda de um veículo que teria sido negociado através de uma página no Facebook. Neste caso, a vítima chegou a realizar uma investigação pessoal e chegou a descobrir que o suspeito, em um determinado período de tempo, utilizou uma falsa identidade em um município do Maranhão, onde se passava por médico.
"Meu prejuízo foi em torno de treze mil reais. Eu tinha um veículo, coloquei ele a venda em uma rede social e infelizmente eu tive contato do Edílson Garcez com interesse de comprar. Iniciamos a transação, que nunca foi concluída devido várias enrolações que ele fez dizendo que a conta dele estava com problemas. Ele me ofereceu até a locação do veículo, me ofertou a locação dos dias em que não tivesse com a locação paga. Só que no 45º dia eu quis por um fim nisso e descobri que ele não era quem ele realmente era. Em meio a isso eu fui fazer uma investigação pessoal e descobri muito mais do que eu queria saber. Eu tive informações que ele usava uma falsa identidade no Maranhão se passando por um médico”, relatou a vítima.
Não diferente da segunda vítima, o rapaz afirma que também foi ameaçado por Edílson através do aplicativo WhatsApp. Já uma mulher do ramo de pousadas, afirma que foi enganada pelo homem e que seu prejuízo chega a R$ 22 mil (vinte e dois mil reais).
"Na minha empresa o prejuízo é de vinte e dois mil reais. Ele chegou com a proposta para alugar um ponto comercial dizendo que ia colocar uma farmácia e trouxe a documentação da Simone, o nome que está no cheque para o aluguel do ponto. No local eu fiz uma reforma e essa reforma me gerou um custo de três mil e quinhentos reais. Dessa forma, ele me passou os três cheques pré-datados que seriam dos três primeiros meses de aluguel e nenhum deles tinha fundo. Já fiz várias denúncias, eu mesma fui na polícia, fiz um Boletim de Ocorrência, e não tive resultado nenhum", disse ela.
Edílson Garcez é proprietário de duas farmácias em Parnaíba. Uma no Conjunto Joaz Souza e a outra na Avenida Dr. João Silva Filho. Foram para elas que um empresário do ramo de vidraçaria vendeu algumas peças para balcões. Visitamos a empresa, e o proprietário permitiu que a equipe de reportagem da Rede Meio Norte, gravasse uma das várias tentativas de negociação com o suspeito.
Todos os cheques sem fundo mostrados na reportagem da Rede MN, foram emitidos no nome de Simone de Melo Pereira, a qual nomeou Edílson Garcez como seu legítimo procurador, através de uma procuração. No documento emitido em maio de 2015 e registrado em cartório, a mulher garante amplos gerais e ilimitados poderes a Edílson que passa a poder comprar, vender, ceder imóveis ou veículos, passar recibos no nome dela. Dentre os diretos está “emitir, descontar e endossar cheques”.
As denúncias foram apresentadas para o delegado regional de Polícia Civil de Parnaíba, Rodrigo Moreira, que após rever os relatos e analisar um inquérito policial já em aberto contra Edílson, afirma que realmente trata-se de um esquema de estelionato.
"Sim, até pela quantidade de casos verificados. Já há investigações nesse sentido no 2º Distrito Policial. Já temos inquéritos em aberto nesse sentido para materializar essa questão, identificar toda a forma com que é praticado e as pessoas que eventualmente estão praticando. Trabalhamos com a hipótese de não ser uma pessoa individual, mas sim um grupo que está se programando para aplicação de golpes e tem vários indícios que realmente possa estar havendo esse estelionato", explicou Rodrigo Moreira.
O delegado explica ainda como se configura o crime. "Se a pessoa obtém vantagem ilícita, induzindo outra pessoa ao erro, seja isso por meio do cheque por exemplo, sabendo não ter suficientes provas de fundos, isso aí pode sim configurar o crime de estelionato", afirmou.
É válido destacar, que outras vítimas preferiram não falar sobre o caso com medo de represálias. Muitas delas afirmam que Edílson possuía uma guarnição de seguranças. Sobre a informação de que os seguranças andavam armados, um homem que trabalhou com Edílson nesta função, desmente a história, e afirma que o intuito era intimidar as vítimas. O caso é investigado pelo 2º Distrito Policial.
Durante a produção da matéria, o MeioNorte.com procurou inúmeras vezes conversar com Edílson. Em uma das oportunidades, ele chegou a marcar com a nossa equipe. No local marcado, o repórter não foi recebido.
ASSISTA A REPORTAGEM DA REDE MEIO NORTE:
Por Kairo Amaral
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.