Vida de travesti piauiense Kátia Tapety vai virar documentário

Vida de travesti piauiense Kátia Tapety vai virar documentário

Kátia Tapety é muito querida pelos piauienses | Pessoa.com

A Petrobras acaba de divulgar o resultado das seleções públicas do Programa Petrobras Cultural, edição 2008/2009. No total, foram contemplados 131 projetos de 20 Estados, nas áreas de Música, Audiovisual, Artes Cênicas, Literatura e Cultura Digital, que receberão uma verba de R$ 42 milhões.

Com os recursos do Programa, a diretora Karla Holanda pretende produzir o documentário De Zé a Kátia. A narrativa do longa contará a história de uma personagem peculiar do pequeno município de Colônia do Piauí. Ela nasceu com o nome de José, mas, hoje, já com mais de 60 anos, chama-se Kátia. A travesti, diferente do que se possa pensar, contou com o apoio de seus conterrâneos para se tornar a vereadora com mais votos durante três eleições seguidas, tornando-se a primeira a ocupar um cargo eletivo no Brasil. De 2004 a 2008, ela foi vice-prefeita da cidadezinha, onde Kátia tem uma família nos moldes tradicionais, é casada há mais de 20 anos e tem três filhos, que adotou com o marido.

Apesar de a produtora Em Foco Multimídia, de que é proprietária, ser de Fortaleza e de haver passado a maior parte de sua vida aqui, Karla é piauiense. Por esse motivo, chamou-lhe a atenção a história da personagem principal de seu filme quando a mídia a abordou. Na época, ela morava em São Paulo. Há dois anos, foi visitar Kátia e se surpreendeu. ``A forma como a mídia falou dela foi muito sensacionalista. Vi que no local as discussões passavam longe do fato de ela ser travesti. A questão era aparentemente natural``, explica.

Segundo a realizadora, o que mais a chamou atenção foi justamente a maneira como se deu o processo de aceitação da sexualidade dela entre a população. ``Não chocou``, conta, ilustrando seu depoimento com o relato da conversa que teve com uma senhora de Colônia do Piauí, na qual ela confidenciara já ter se acostumado a ver ``José`` de saia. E continua: ``Em uma região tão associada ao atraso, como é o Nordeste e, em especial, o interior do Piauí, existe uma pessoa assim, que se coloca por tudo que ela é``.

Criado em 2003, o Programa Petrobras Cultural baliza as ações de patrocínio da Petrobras em torno de uma política cultural de alcance social e de afirmação da identidade brasileira.

Fonte: O Povo



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

Tópicos
SEÇÕES