Em 1770, muito antes da Princesa Isabel, uma escrava chamada Esperan?a Garcia, destacou-se pela sua coragem ao redigir uma peti??o dirigida ao governador da Capitania do Maranh?o, Gon?alo Louren?o Botelho de Castro, os maus-tratos sofridos nas m?os de Ant?nio Vieira de Couto, inspetor de Nazar?, localidade que hoje ? o Munic?pio de Nazar? do Piau? (PI).
Na mais antiga peti??o escrita por um escravo no Brasil, ela denuncia os maus-tratos sofridos a partir do confisco das fazendas dos jesu?tas pela Coroa Portuguesa. Pediu ainda que fosse devolvida ? Fazenda Algod?es e que sua filha fosse batizada.
Segue abaixo o inteiro teor da carta, escrita em 6 de setembro de 1770:
?Eu sou hua escrava de V. Sa. administra??o de Capam. Ant? Vieira de Couto, cazada. Desde que o Capam. l? foi adeministrar, q. me tirou da fazenda dos algodois, aonde vevia com meu marido, para ser cozinheira de sua caza, onde nella passom to mal.
A primeira h? q. ha grandes trovoadas de pancadas enhum filho nem sendo uh? crian?a q. lhe fez estrair sangue pella boca, em mim n?o po?o esplicar q. sou hu colcham de pancadas, tanto q. cahy hu? vez do sobrado abaccho peiada, por mezericordia de Ds. esCapei.
A segunda estou eu e mais minhas parceiras por confe?ar a tres annos. E hu? crian?a minha e duas mais por batizar.
Pello q. Pe?o a V.S. pello amor de Ds. e do seu Valimto. ponha aos olhos em mim ordinando digo mandar a Procurador que mande p. a fazda. aonde elle me tirou pa eu viver com meu marido e batizar minha filha q.
De V.Sa. sua escrava EsPeran?a garcia?
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