Foi flagrado pela Polícia Civil da cidade de Bom Jesus, 632 quilômetros ao Sul de Teresina, 13 homens em uma fazenda trabalhando em situação análoga à escravidão. Eles teriam sido contratados por um empresário para tirar o mato de um terreno onde será feito um loteamento, perto da zona urbana do município.
Naturais de Manoel Emídio, 170 quilômetros distante de Bom Jesus, os trabalhadores foram flagrados pela Polícia Civil em trabalho exaustivo e degradante, dormindo em barracos de lona no matagal, sem condições de higiene. Além de beber água sem tratamento, o grupo fazia suas necessidades fisiológicas no mato.
A Polícia recebeu a denúncia de que os trabalhadores estavam sem poder voltar para suas casas por já terem contraído dívida com o fazendeiro, de quem teriam comprado alimentação a um preço maior que o pago por cada área de terra desmatada. O delegado Tiago Rabelo ouviu depoimentos e apurou que o valor inicial do trabalho era R$ 50 e foi renegociado para R$ 80. Mesmo assim, a dívida continuava.
Depois de tirar os trabalhadores da fazenda, o próprio delegado tomou os depoimentos ontem (12) e pagou a alimentação dos mesmos, que foram levados de volta para sua cidade em viaturas da polícia, pois não tinham como bancar a passagem. Os roceiros passaram no máximo uma semana no local e não precisaram de cuidados médicos.
A Polícia agora procura Damião Gerônimo de Medeiros. Este foi o nome repassado pelos trabalhadores em depoimento como sendo o proprietário da fazenda e empregador dos roceiros. Os mesmos teriam vindo de Manoel Emídio em um caminhão "pau de arara" providenciado pelo contratante.
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