Diante das incertezas climáticas, políticas e financeiras vividas pelo Brasil, há uma expressiva discussão acerca dos sistemas produtivos agrícolas, em síntese principalmente pelos estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia que fazem parte do MATOPIBA.
Debates altamente antagônicos respaldam esse cenário de discussão: uma vertente defendida pelos pequenos agricultores na qual vem afirmar que o agronegócio tem trazido desvalorização da classe, bem como ocasionado uma grande opressão social e ainda vinculado a grande destruição do meio ambiente resultado do monocultivo e uso intensivo de máquinas.
Outra vertente, defendida pelos grandes produtores dessas regiões, vem sintetizar que há uma necessidade dessa produção em alta escala. A justificativa é o crescimento da população que tem aumentado a cada ano, portanto há uma necessidade de alimentar essa população.
Pensando nesse debate de perspectiva e de construção de saberes a UFPI junto a FETAG e CPT criaram o 1º Seminário ‘Perspectivas Sociais sobre o MATOPIBA’ que aconteceu nos dias 28 e 29 de abril.
Evento reuniu representantes da Universidade Federal do Piauí – UFPI, da Comissão Pastoral da Terra – CPT, do Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais – MSTTR, do Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, da Confederação dos Trabalhadores da Agricultura – CONTAG, da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Piauí – FETAG e da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos – ONG REDE SOCIAL, além do Bispo Dom Marcos Tavoni representando a Igreja, o Promotor Francisco Santiago e o Juiz Heliomar Rios, dentre outras autoridades.
Em maio de 2015, foi criado o projeto por meio do decreto nº 8447, que prevê a expansão da fronteira agrícola em parte dos territórios do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia - o MATOPIBA. Segundo o Embrapa, o mesmo abrange 337 municípios e 31 microrregiões, num total de 73 milhões de hectares dentro de uma delimitação territorial dentro da qual existem 28 terras indígenas, 42 unidades de conservação, 865 assentamentos e 34 quilombos, o Piauí representa 11,21% desse total com 8,2 milhões de hectares e 33 municípios, e dentre os estados que compõem o MATOPIBA é o que mais tem áreas de cerrado para exploração, o que deixa a atenção dos investidores voltada para cá.
O evento foi um grande debate, que contou com a participação dos pequenos agricultores rurais da região presentes em grande número, além de representantes de assentamentos, fazendo perguntas e participado da discussão com pessoas de renomadas áreas como Juiz, Promotor, representante da Igreja, dentre outros.
A implantação do MATOPIBA não é unanimidade, muitos são contra, como a CPT – Comissão Pastoral da Terra, que entende que a implantação deste projeto reforçará a grilagem de terra e o aumento da violência, dos conflitos e assassinatos no campo, além de causar a salubridade dos povos do cerrado pelo abusivo uso de agrotóxicos com pulverização de aérea intensiva. A CPT também entende que autorizações de desmatamento e outorgas de uso de água trás como consequencia a redução dos aquíferos e nascentes na região. Segundo a CPT, somente as grandes empresas e multinacionais irão se beneficiar.
No primeiro dia de Seminário, uma mesa composta por representantes da CPT – Gregório Borges, da FETAG – Antônio José, o Juiz da Vara Agrária – Heliomar Rios, o Secretário da SDR – Francisco das Chagas Lima, o Direto do Campos da UFPI – Stécio Bezerra, da ASA-PI – Carlos Humberto Campos, Secretária de Planejamento – Rejane Tavares, da Fundação CEPRO – Simplício Rodrigues, da Ouvidoria Agrária – James Carvalho e da SEDET – Marcos Wilamis foi responsável pela apresentação do projeto oficial do MATOPIBA, e que alguns destes falaram um pouco sobre o mesmo.
- Muita gente não sabe o que é o MATOPIBA, o que é preocupante. Precisamos conscientizar a todos, pois é fundamental para o Piauí se desenvolver, sustentavelmente, é claro – disse o Juiz da Vara Agrária Dr. Heliomar Rios.
A principal preocupação com o projeto MATOPIBA, segundo a FETAG-PI, é em saber como os agricultores rurais estarão incluídos no projeto, para que não sejam prejudicados.
Este primeiro Seminário do MATOPIBA teve um saldo bastante positivo, pois teve uma enorme participação de representante de todos os lados, desde investidores até pequenos agricultores familiares que lotaram o auditório da UFPI, sendo um dos maiores eventos já realizados no Campos. Todos esperam que o que foi discutido ali seja colocado em prática na implantação do projeto, para que todos possam ser favorecidos.
FONTE: www.portalb1.com
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