Semiárido está em festa com a chegada das primeiras cisternas feitas com recursos do BNDES

Semiárido está em festa com a chegada das primeiras cisternas feitas com recursos do BNDES

O semiárido do Piauí está tendo uma nova experiência, com a chegada das primeiras cisternas para a produção de alimentos feitas com recursos do BNDES. Veja a matéria completa publicada no suplemento Piauí do Jornal Meio Norte sobre a capacitação de pedreiros que, além de ser um grande mutirão envolvendo as famílias que vão receber as cisternas, é um momento de alegria e de esperança por ajudar a aumentar a renda dos pedreiros e ainda suprir o déficit de mão de obra em municípios piauienses.

CONVIVÊNCIA COM A SECA

A capacitação de pedreiros em municípios do semiárido do Piauí, além de marcar o início de construção de cisternas com recursos do BNDES, vai ajudar a ampliar a renda destes profissionais e garantirá a produção de alimentos na próxima seca

Raimundo Gomes

e Djalma Batista

Editoria do Piauí

O modo alegre e festivo do povo do semiárido do Piauí está mais realçado. Por dois motivos: as chuvas, que já resgataram o verde da caatinga, e as chances reais de ampliação de renda dos pedreiros da região que participaram do curso de capacitação que tem como objetivo a construção de cisternas de 52 mil litros para o uso da água na produção de alimentos. Com isso, no próximo período de estiagem, a convivência com a seca será produtiva e com o surgimento de produtos, que só seria possível nas épocas chuvosas.

A capacitação de pedreiros, realizada nas comunidades Pinhões e Mangá, em Floresta do Piauí, pela Obra Kolping do Piauí, através da parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Asa e Fórum Piauiense de Convivência com o Semiárido, foi um momento de festa para os moradores. Dona Eva Lima Leite, que preparou o almoço para os instrutores e participantes do curso, disse que estava festejando com o evento pelo fato de ganhar uma cisterna que vai captar água das chuvas para produzir e matar a sede dos animais.

?A água é importante em tudo. Quando falta água, falta tudo. Não posso mais arrastar água na cabeça pra casa, então este trabalho de construção da cisterna para a produção em nossa residência vai ajudar a gente a aumentar a água para dar de beber aos bichos e também para a gente ter umas plantinhas na época seca?, explica Dona Eva.

A capacitação, que teve a supervisão dos instrutores Francinaldo Alves da Silva e Antônio Rodrigues de Carvalho, ambos de Pimenteiras, reuniu pedreiros de São Francisco de Assis e de Floresta do Piauí; e traduziu-se em um verdadeiro mutirão, com o envolvimento das famílias. Os pedreiros, que já tinham a experiência na construção de cisternas de 16 mil litros, aprenderam como se produz todos os componentes de concreto da cisterna de 52 mil litros, colocando a mão na massa. A atividade inicia com o conhecimento do plano da obra, passa pelo manuseio das formas e ferramentas, preparação dos traços, produção das placas e vai até o acabamento final da cisterna.

?Os pedreiros, além de ampliar os conhecimentos através da capacitação, vão aumentar a renda familiar, já que serão aproveitados nas obras de construção das cisternas através deste programa em parceria com o BNDES?, falou o instrutor Antônio Rodrigues. ?O programa P1+2 é importante, por melhorar a qualidade de vida nas comunidades e pra gente de São Francisco de Assis, que vamos levar este conhecimento para nossa região. Ajuda muito o semiárido porque, às vezes, vem muita chuva, mas só vai armazenar com as cisternas?, observou o pedreiro Edilson Enésio de Sousa.

Para o também instrutor Francinaldo, a capacitação melhora a vida dos pedreiros do semiárido em todos os aspectos, e o novo programa da água para a produção, segundo ele, é importante para todas as partes envolvidas. ?É ótimo para a família que recebe a cisterna, é excelente para os pedreiros e instrutores e bom demais para o mercado e município, que terão uma movimentação na economia com a aquisição de produtos?, afirmou Naldo.

CAPACITAÇÃO SUPRE O DÉFICIT DE MÃO DE OBRA

Quem também festejou a realização da capacitação de pedreiros em Floresta do Piauí foi a presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais e da Comissão Municipal de Convivência com o Semiárido, Raimunda Edite da Rocha dos Santos. Ela disse que as comunidades rurais do município são muito carentes de água e que as cisternas destinadas para a produção de alimentos vão mudar a vida das famílias.

?O programa P1+2 é muito importante para nosso município. A nossa expectativa é que nossos produtores vão ter mais alimentos, vão poder criar mais animais e produzir alimentos para levar para o mercado e, assim, ampliarem a renda de suas famílias?, falou Raimunda.

José Mauro, morador da comunidade Pinhões, em Floresta do Piauí, disse que está confiante que a cisterna para a produção vai mudar a vida de sua família. Ele falou que o problema da escassez de água na região na época de seca é preocupante. ?A nossa rotina é a seguinte: Do mês de agosto em diante, há água apenas para o consumo humano, isso porque a vazão do único poço da nossa região não é suficiente para abastecer todas as famílias. Então, com a cisterna de produção, vamos ter água para produzir alimentos e matar a sede dos animais?, afirma.

A história de sofrimento para conseguir água para o consumo e para as necessidades básicas na comunidade Mangá, em Floresta do Piauí, é contada pela moradora Maria José Lima, mais conhecida como Marieta. Ela disse que há um poço a poucos me-tros da casa, mas a água é muito salgada, servindo apenas para os animais.

?A gente usava a água para lavar o rosto, mas tinha de enxugar imediatamente os olhos, já que tinha medo das pestanas e sobrancelhas caírem?, comenta, sorrindo. ?Então, a cisterna de produção que estamos ganhando vai ser muito bom, já que água é vida?.

O principal objetivo do programa P1+2 é garantir o acesso e o manejo sustentável da terra e da água para a produção de alimentos sem o uso de veneno ou insumo químico. A capacitação de pedreiros ajuda a suprir o déficit de mão de obra no mercado da construção civil.



As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.

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