O texto a seguir é uma produção de Maria da Penha Soares Vieira, criado há 50 anos, quando era professora. A publicação da obra é uma homenagem alusiva aos 139 anos de emancipação política de Amarante. Em sala de aula, a autora personificou a cidade que fala de si retratando suas características desde a fundação até o ano da produção, 1960. Maria da Penha ou D. Mary, como é conhecida, é filha de José Eudóxio e de Maria Soares Vieira (D. Mariqueza) da nobre família Arcoverde Vieira do Estado da Paraíba. O domínio da prosopopeia no texto foi intencional para uma melhor compreensão das origens da cidade de Amarante.
CONFIRA:
SOU AMARANTE!
Sou majestosa, fui plantada por portugueses procedentes da cidade do mesmo nome. Aos lusos juntaram-se guegueses, acaroazes e africanos. Nasci cheia de encantos e poesias. Na minha infância lutei para vencer, tenho enfrentado muitas adversidades; hoje, porém, já prenuncio um futuro promissor. Sou pródiga em inteligências férteis e com imensa satisfação vejo os meus filhos projetarem-se em reflexos brilhantes.
Sou pequena, porém bonita. Minhas ruas são bem traçadas e nelas existem pontos de atração como: as praças, a escadaria, as pontes, a Igreja branca junto à paisagem verde, as colinas e os 03 rios que me transformam numa ilha alegre e linda no dizer do meu querido e ilustre filho Da Costa e Silva.
MEUS RIOS
RIO PARNAÍBA:
Parnaíba - palavra de origem indígena que significa grande rio não navegável. Ele nasce de 03 olhos d?água na Serra da Mangabeira e se lança no Delta do Atlântico. Batizou-lhe o paulista Domingos Jorge Velho que, Parnaíba lhe chamou em homenagem à sua terra natal. Suas águas são avolumadas pelos afluentes, Balsas, Gurgueia, Canindé, Poti, Longa, Uruçuizinho, Uruçú-açú e outros.
Serve de fronteira entre o Piauí e o Maranhão e a muitos tem inspirado. Suas margens florescem lindas cidades como Teresina, Amarante e Floriano. Como via de transporte, distribui alguns produtos do nordestino valente que luta contra a natureza madrasta, mas não abandona o torrão onde nasceu.
Um amarantino ilustre contemplando as suas águas mansas chamou-lhe ?Velho Monge?. Sinto-me orgulhosa por sua importância para a barragem de Boa Esperança que é uma realização magnífica e gigantesca e que acelerou o desenvolvimento desta região até bem pouco tempo esquecida e quase inexplorada.
RIO CANINDÉ:
Este nasceu na Serra Grande nos limites do Piauí com Pernambuco. Possui como afluentes principais o Rio Itaim que tem seu curso superior ao meu; e ainda o rio Piauí que nasce de uma lagoa no município de Caracol e depois de cruzar e delimitar vários municípios dá-lhe suas águas a uma distância de 40 Km de sua confluência juntamente à cidade de Francisco Ayres.
Suas águas fornecem peixes maravilhosos, entre eles o fidalgo, o matrinxã, o surubim, o piratinga e outros menores como: a sardinha, o mandi, a arenga e a branquinha. Às suas margens os caboclos fazem vazantes e folclore como o Cavalo Piancó cantado nas noites enluaradas para afugentar o sono enquanto vigiam suas plantações.
RIO MULATO:
Chama-se mulato, uma das consideráveis riquezas do município de Amarante. Nasce na lagoa do mesmo nome, o qual serviu para designar o seu nome. Suas águas tornam-se mais fortes ao juntarem-se com a lagoa do Bacuri. Recebe como afluentes os riachos: Boqueirão, Tucano e Riachão indo despejar suas águas no rio Parnaíba, além de fornecer pequenos peixes como: piaba, mandi, sardinha, etc.
Nas suas margens estão situadas muitas propriedades com engenhos destinados à fabricação de rapadura e de cachaça; encontram-se também lavoura de arroz, feijão, milho, mandioca, cultura de frutas, hortaliças que constituem a base da alimentação do povo amarantino.
Todos os meus rios formam, pois um rosário de águas a beijar-me sorrindo e cantando: Salve Amarante, Salve!
Sou pequena, mas aos poucos vou acompanhando o ritmo do progresso que sacode o Piauí.
[Maria da Penha Soares Vieira]
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.