Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito
A maioria dos políticos do Piauí é sem jeito. Não evolui. Se esse contingente que tem o dever de elevar o Estado ao desenvolvimento é inoperante, como podemos exigir algum progresso? Claro que só vai esperar algo proveitoso dele desavisados. Governo é a instituição exponencial de uma organização social. Ele tem a função de estabelecer metas através das atividades públicas para a consecução das medidas adequadas para alcançar o bem-estar e a riqueza de um povo. Por isso, os seus ocupantes devem ser temporários e também os melhores da sociedade do ponto de vista dos compromissos político-administrativo-econômico-social.
Parcela ponderável da nossa classe política ainda não enxergou que administração pública eficiente é feita com planejamento e ação. E observando boa parte dos governos estaduais não tem equipe que possa realmente imprimir governo desenvolvimentista em benefício do Estado para dirimir os gargalos que mantêm a pobreza da nossa população. A ideia geral é de que ao chegar ao poder o exerce os apaniguados do governante para ficarem mais fortes político-financeiramente para dominar ainda mais os seus redutos eleitorais e depois passarem de pais para filhos, ou seja, sem a responsabilidade com o crescimento do Estado. É a política cérebro de pintassilgo, onde tudo gira em torno dos ungidos ao poder, e o resto que se dane.
Todos sabem que para um governo atingir maturidade econômica e reduzir índices de subdesenvolvimento humano precisa mais do que nunca fomentar políticas públicas integradas nas áreas estratégicas de planejamento, infraestrutura, fiscal, indústria-comercial, projetos e desenvolvimento econômico para aproveitar o seu potencial produtivo sustentável e incrementar as forças de produção do Estado. Mas o Piauí vem transitando na contramão de elementar premissa. Pois todos os governos estaduais que figuram como governos pujantes cuidam do Parque Industrial, ou melhor, estabelecem diretrizes para ampliar ainda mais o seu sistema produtivo para geração de emprego, renda e arrecadação de tributos para o erário.
No Piauí, contrário senso, abandonou-se o Polo Industrial. Observando entrevista do presidente da Associação Industrial do Piauí, Joaquim Costa Filho, disse: ?O Distrito Industrial de Teresina virou sucata e o Polo Cerâmico de Nazária, o principal do Nordeste, está ameaçado de fechar? (Jornal Diário do Povo de 24/11/2013). Segundo a matéria ?Polo Industrial funciona sem água, luz e internet? as indústrias estão deixando o estado. Falta de infraestrutura e dos serviços básicos atrapalham o funcionamento das empresas. A empresa ao se instalar cava o poço para garantir o abastecimento d?água. Enfim, falta governo com mentalidade, projeto e planejamento arrojados.
Depois do caos do Polo Industrial, desprezaram também as ações governamentais que integravam a rede de proteção social à pobreza dos piauienses, como o Semiárido, Fome Zero, Direitos Humanos etc. A educação foi entregue a político profissional (não educador) que pensa mais em eleição do que na educação. A saúde foi entregue a ex-prefeito que tem inúmeros processos judiciais por improbidade administrativa. A agricultura foi entregue a irmão que é candidato a deputado estadual. Na verdade, o Estado também é conduzido na satisfação dos interesses emergenciais de certos influentes, ou melhor, na demarcação de espaços políticos para novos privilegiados viverem na maciota, mais despreocupados, sem perturbações etc.
Ocorre que mais cedo ou mais tarde vem cobrança. E nesse prisma, o Piauí tem o Produto Interno Bruto (PIB) per capita mais baixo dos demais estados brasileiros. Conforme matéria do Jornal Diário do Povo de 16/12/2012 intitulada ?Piauí perde riquezas e volta a ter o pior PIB do per capita do País? diz que é o Estado de menor PIB do Brasil, atrás até do Maranhão que segurava a lanterna até 2010. Pois o PIB é um dos indicadores utilizados para medir o nível de desenvolvimento e a qualidade de vida de um povo. Diz Sílvio Guedes Crespo, do blog Achados Econômicos, que o Piauí, com o PIB per capita de US$ 4.300, é comparável com a República Popular do Congo, que tem o de US$ 4.500.
Mas pesquisa recente da CNI/Ibope mostrou que o governo de Wilson Martins só tem 32% de aprovação. Isso quer dizer que tem 68% de reprovação. Portanto, em nota escolar de 0 a 10 ficaria com 3,2. Nota ruim, de aluno que não acompanha o ano letivo. Traduzindo em mandato eletivo, foi gestão claudicante, que não atacou em conjunto todas as atividades da administração pública. Tem setor, no atual governo, que continua virgem, isto é, não tem ação para desenvolver alguma coisa. Em comparação, o governo Wellington Dias teve 88% de aprovação, nota 8,8, mostrando que governar é trabalhar incessantemente em prol de todos os governados, pois o poder não tem o condão de por si só produzir os benefícios. É ação permanente e não diletantismo irrefreável.
Assim, não adianta melindrar-se com manchete de jornal sobre o PIB do Piauí e querer que se faça leitura avessa e não resolver o problema. O que resolve são ações coordenadas dos agentes e instituições com gestões públicas que buscam o crescimento global. E desempenha papel ímpar nessa cruzada a Assembleia Legislativa fiscalizando as ações governamentais e auxiliando com projetos, propostas e regulações dos atos consentâneos com Estado moderno, e não se omitir nas suas atribuições e coparticipar do Executivo com alguns parlamentares em total promiscuidade no exercício do poder. Suplência é só com a renúncia ou morte do titular.
Em vista disso, em1993, Caetano Veloso disse na letra da canção ?Haiti?, sobre as mazelas do Brasil, que ?O Haiti é aqui?. Certamente, o Haiti não é aqui. Mas sabemos agora, sobre o PIB do Piauí, que o Congo é aqui. E restou provado. Para reverter dramática situação, não há outra saída, é eleger governante inovador, trabalhador para tirar o Piauí da miséria, e cujo governo, que perdeu até para o crônico Maranhão, foi irremediavelmente reprovado por todos os segmentos da sociedade piauienses.
As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.