Um morador da pequena cidade de Amarante, a 160 km de Teresina, tem chamado a atenção pela habilidade na arte de desenhar rostos. Francisco Nunes, 31 anos, trabalha em um comércio na zona urbana do município, onde faz entrega de mercadorias, cuida do depósito e limpa as prateleiras. Mas é com um lápis, papel e uma borracha que ele vem se tornando conhecido e conseguindo complementar a renda.
Das 7h da manhã às 17h30 ele trabalha no mercadinho, mas quando chega em casa apenas toma banho, janta e depois costuma ficar até às 23h30 desenhando. Francisco conta que sempre gostou muito de desenhos e lembra que desde os oito anos já fazia figuras na escola pública onde estudou. Nem mesmo as paredes do colégio escapavam das artes de Francisco, que também desenhava para trabalhos escolares dos colegas de sala.
"Me lembro que quando eu tinha oito anos já desenhava. Com 10 ou 12 anos eu fazia mapas, principalmente o mapa-múndi e sempre fui fazendo desenhos. Rosto de pessoas de forma mais profissional eu comecei fazer em 2013 e desde então tenho me dedicado a isso. Já fiz mais de 300 desenhos de rostos e atualmente tenho várias encomendas, até mesmo de pessoas de outras cidades", contou ao G1.
Apesar do destaque que vem ganhando, o rapaz conta que tem vontade de fazer cursos para aperfeiçoar sua habilidade, pois tudo o que sabe aprendeu com sua própria força de vontade, sem nunca ter tido contato com profissional algum. Filho de uma família humilde da cidade, Francisco Nunes relata que seu sonho é ser reconhecido, poder abrir um ateliê para ganhar a vida se dedicando à arte e ainda poder ensiná-la.
"Eu nunca fiz nenhum curso e quando terminei o ensino médio, em 2007, até parei de desenhar. Minha família é simples, meu pai sempre trabalhou na roça e minha mãe colocava frutas em um balde na cabeça e saía vendendo pela cidade. Eu e meu irmão sempre íamos junto para ajudá-la. Hoje eles são aposentados, meu pai ainda trabalha com roça e minha mãe fica mais em casa. Eu sou casado e tenho uma filha", explicou.
Depois de ter ficado algum tempo sem desenhar, Francisco retomou a arte após uma jovem da cidade chamada Luara lhe pedir que fizesse um cavalo para ela. O rapaz conta que no começo fazia os desenhos de graça, mas as pessoas foram lhe aconselhando para começar a cobrar e valorizar o trabalho. "Foi aí que eu comecei cobrando R$ 10, depois R$ 20 e depois foi aumentando", falou.
Os moradores da cidade mandam fotos e ele desenha a imagem de forma idêntica, levando em média duas ou três horas na confecção. O papel, o lápis e a borracha ele compra em Amarante e os desenhos são feitos em diversos tamanhos com preços que variam de R$ 80 a R$ 200. Francisco relata que o dom de desenhar rostos não é novidade na família, que sofreu uma grande perda em 2010.
"Meu irmão Antônio sabia desenhar mais do que eu e tinha grande habilidade. Infelizmente ele morreu em 2010 aos 24 anos em um acidente de moto quando ia fazer a entrega do veículo na cidade de Palmeirais. Se estivesse vivo tenho certeza que ele estaria bem mais à frente do que eu nessa arte de desenhar. Ele gostava demais e treinava quase todos os dias aqui em casa", relembrou Francisco.
Atualmente, ele divulga o trabalho através das redes sociais e as postagens recebem bastante elogios. Segundo Francisco, que é conhecido carinhosamente como Chapada, cada vez mais os pedidos aumentam, o que tem ajudado no sustento da família. Uma das suas produções de maior destaque foi o desenho do escritor piauiense Da Costa e Silva, obra que ele doou ao museu da cidade de Amarante.
Com informações do G1/Reportagem 31/07/2016.
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