RIO DAS GARÇAS
No verde catedral da floresta, num coro
Triste de cantochão, pelas naves da mata.
Desce o rio a chorar o seu perpétuo choro...
E o amplo e fluido lençol das lágrimas desata...
Caudaloso a rolar, desde o seu nascedouro,
Num rumor de orações no silêncio da oblata,
Ao sol ? lembra um rocal todo irisado de ouro,
Ao luar ? rendas de luz com vidrilhos de prata.
Alvas garças a piar, arrepiadas de frio,
Seguem de absorto olhar a vítrea correnteza,
Pendem ramos em flor sobre o espelho do rio...
É o Parnaíba, assim carpindo as suas mágoas,
Rio da minha terra, ungido de tristeza,
Refletindo o meu ser à flor móvel das águas.
Poema: Rio das Garças
Autor: Antonio Francisco Da Costa e Silva
Fotos: Denison Duarte
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