Amarante é uma das povoações antigas do Piauí. Estima-se em mais de 300 anos a presença de moradores que viviam nas margens dos rios Parnaíba, Canindé e Mulato. Em 1771, o segundo Presidente da Província do Piauí, resolve levar índios ?rebeldes? das tribos Acaroazes e Guegueses para a margem do rio Mulato (território pertencente ao município de Amarante ainda hoje, muito embora tido como se fosse de Regeneração), dando a essa missão o nome de São Gonçalo do Amarante, em homenagem ao santo de seu nome. O Presidente da Província chamava-se Gonçalo Lourenço Botelho de Castro.
Em 1861, a sede da Paróquia e Vila de São Gonçalo, foi transferida para o Porto, onde hoje está edificada a cidade de Amarante. Conforme o saudoso Isaac Vilarinho, no Porto de São Gonçalo já existia uma pequena capela onde os fiéis faziam as suas preces. O Monsenhor Isaac comemorou 100 anos da Igreja Matriz de São Gonçalo em 1961, muito embora a conclusão do templo tenha sido em 1874. A decisão do padre em fazer a comemoração nessa época foi devido, oficialmente, a sede da Paróquia ter sido implantada nesta data de 1861. O festejo de São Gonçalo inicia-se em 23 de dezembro e vai até o dia 31. Isto foi acordado em razão da Vila de Regeneração, pertencente a Amarante (na época, hoje é cidade) venerar o mesmo santo como padroeiro. No acordo, a Vila de São Gonçalo Velho ? Regeneração, começava o seu festejo no dia 1º de janeiro.
Amarante chegou a ser cogitada como Capital do Piauí. O Conselheiro Saraiva desejava uma capital que ficasse na margem do Rio Parnaíba. Amarante, inicialmente, era o local ideal aos olhos do jovem baiano. Jonatas Nunes, emérito intelectual, disse que a equipe que acompanhava o conselheiro procurou de todas as formas possíveis, impedir a instalação da capital em município amarantino. Inclusive levando uma água barrenta para fazer análise na Inglaterra para saber a viabilidade da mesma para consumo humano. Dizem que essa água era do rio Canindé. O resultado, para espanto dos espertalhões, afirmou ser água potável, inclusive superior a de Oeiras.
Não foi a questão da água o empecilho para Amarante não ser a Capital e sim o local acidentado, morros, grotões, etc. Dizem que Saraiva chegou a afirmar: ?Salvador não serve para ser capital do Brasil e nem Amarante para o Piauí. Ambas são parecidas, muito acidentadas?. E vejam que Saraiva nasceu em Salvador. Conta-se que, na época desse fato, ensejaram ao Conselheiro Saraiva que a Capital fosse instalada em Regeneração onde é mais plano; o que de pronto não foi aceito pelo mesmo. Saraiva alegava a distância do local para o rio Parnaíba. Naquele tempo 20 quilômetros era considerado muito longe.
Amarante até o primeiro quartel do século XX era um dos centros comerciais importantes do Piauí. O comércio se fazia até com países do exterior, notadamente Portugal e Inglaterra. As marcas desse tempo áureo estão gravadas no seu conjunto arquitetônico de herança colonial portuguesa, em suas danças folclóricas, em suas lendas, em sua culinária. A presença de uma grande maioria de pessoas de cor negra também é um atestado de refúgio de escravos, como é o caso do ?Quilombo do Mimbó? que deve ter mais de 200 anos de existência. Hoje nos seus 142 anos, não de emancipação política, mas de elevação de Vila à categoria de Cidade, o povo ainda sente orgulho de sua trajetória de glória, dos seus filhos famosos, e na crença de um porvir grandioso arquitetado no hoje, através das mãos abnegadas de nobres amarantinos. VIVA AMARANTE!
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