A comercialização na Austrália dos emblemáticos bonecos negros de pano Golliwog, que se popularizaram na década de 60, causou a indignação dos aborígines por considerá-los ofensivos, publicou nesta segunda-feira (21) a imprensa local.
O presidente do centro para as políticas culturais indígenas do Estado de Queensland, Bob Weatherall, expressou sua preocupação com o ressurgimento destes bonecos em Queensland.
Para o idoso aborígine, estes bonecos são ofensivos e devem ser proibidos porque, disse, "não promovem a unidade em nossa comunidade, nem devolvem o sentido da equidade".
Apesar da polêmica, estes bonecos voltaram a ser postos à venda em Queensland e os empresários locais como Deanne Edwards, que tem dúzias de golliwogs em suas vitrines, aumentaram suas vendas.
"Encanta-nos, as crianças os adoram. Eu os adoro, São muito, mas muito populares. Eu vendo muitíssimos", disse a empresária.
O Golliwogg, como era seu nome original, era um personagem masculino criado no século 19 pela escritora inglesa Florence Kate Upton e que tomou a forma de um brinquedo que foi muito popular após o fim da Segunda Guerra Mundial no Reino Unido e Austrália.
Segundo algumas fontes, a palavra deriva do nome que os soldados britânicos davam aos bonecos de pano negros que as crianças fabricavam no Egito no século 19 e que os militares levavam como lembrança ao Reino Unido.
Com os anos, sua comercialização foi questionada por seu forte componente racista.
Carol Thatcher, filha da ex-primeira-ministra Margaret Thatcher, deixou de ser colaboradora em um programa de televisão da BBC após sua recusa de se desculpar por ter se referido ao tenista francês Wilfrid Tsonga de Golliwog quando foi eliminado no Aberto da Austrália em 2009.
No ano anterior, Naomi Campbell denunciou que durante um voo para Los Angeles na empresa British Airways chamaram de supermodelo Golliwog, o que aparentemente desencadeou um comportamento violento do qual ela teve que se desculpar.