A Rússia deu início à maior convocação militar em mais de uma década. O presidente Vladimir Putin ordenou o recrutamento de 160 mil homens, entre 18 e 30 anos, como parte do plano de expansão das Forças Armadas. O movimento ocorre em meio a um cenário de guerra persistente na Ucrânia e às tentativas dos Estados Unidos de intermediar um cessar-fogo.
Crescimento do Exército e novos alvos
A nova convocação faz parte de um projeto ambicioso do Kremlin para aumentar o número de soldados ativos para 1,5 milhão e o efetivo total das Forças Armadas para 2,39 milhões nos próximos três anos. O governo russo afirma que os recrutas não serão enviados para a guerra na Ucrânia, mas há registros de jovens convocados que morreram em combate nas regiões fronteiriças nos primeiros meses do conflito.
O recrutamento, que se estende até julho, ultrapassa a marca de 2024, adicionando 10 mil soldados a mais do que o registrado no mesmo período do ano passado. A idade máxima para a convocação também foi elevada, passando de 27 para 30 anos, aumentando o número de cidadãos disponíveis para o serviço militar.
Guerra sem trégua
Apesar das negociações diplomáticas, a violência segue intensa no front. Nesta terça-feira (1º), a Ucrânia relatou um ataque russo contra uma instalação elétrica em Kherson, deixando 45 mil pessoas sem energia. Já a Rússia anunciou ter tomado a aldeia de Rozlyiv, na região de Donetsk.
Desde 2022, o Kremlin tem reforçado suas tropas não apenas com convocados, mas também com militares contratados e até combatentes norte-coreanos. A decisão de ampliar o contingente foi justificada pelo ministro da Defesa russo em dezembro de 2023, citando as "crescentes ameaças" na Ucrânia e a "expansão da Otan".
Reação dos países vizinhos
A ofensiva russa levou os países da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) a reforçarem sua segurança. Desde o início da guerra, Finlândia e Suécia aderiram à aliança, ampliando as fronteiras da Otan com a Rússia. A Finlândia, que compartilha 1.343 km de fronteira com os russos, anunciou sua saída da Convenção de Ottawa, que proíbe o uso de minas antipessoais.
A decisão segue medidas semelhantes adotadas por Polônia e os países bálticos, que vêm se preparando para possíveis ameaças militares. Além disso, o governo finlandês anunciou um aumento nos investimentos em defesa, elevando os gastos para 3% do PIB, acima dos 2,4% registrados no ano passado.