Premiação de dissidente provocou ira do governo chinês
A China advertiu que haverá "consequências" para os governos que enviarem representantes à cerimônia de premiação do dissidente Liu Xiaobo com o Nobel da Paz, a ser entregue em 10 de dezembro.
Diplomatas na capital da Noruega, Oslo, onde ocorrerá a premiação, receberam cartas da embaixada chinesa que, de forma implícita, fizeram a advertência contra a ida à cerimônia.
Um porta-voz do Ministério de Relações Exteriores britânico confirmou que "os chineses levantaram a questão", mas disse que "é prática normal que o embaixador britânico na Noruega compareça ao Prêmio Nobel. O embaixador pretende comparecer neste ano".
Liu foi premiado, segundo o comitê do Nobel, por sua "longa e não violenta luta por direitos humanos fundamentais na China", o que provocou a ira do governo chinês.
O dissidente foi preso em dezembro passado por subversão, após escrever um manifesto pedindo profundas reformas na China. Ele também participou dos protestos na Praça da Paz Celestial em 1989.
O anúncio do Nobel desencadeou manifestações favoráveis a Liu em diversas partes do mundo e pedidos de libertação vindos do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de líderes asiáticos e europeus.
"Arma política"
Pequim sustenta que o prêmio a Liu é um "estímulo à criminalidade".
O jornal People"s Daily, pró-Partido Comunista Chinês, descreveu em reportagem desta sexta-feira o Nobel como uma arma política do Ocidente para atacar uma China em ascensão.
Também nesta sexta-feira, França e China assinaram acordos comerciais que totalizam bilhões de euros, durante visita do presidente Hu Jintao ao país europeu.
Mas um ministro chinês disse que a libertação de Liu não seria discutida entre Hu e o presidente francês, Nicolas Sarkozy.
O líder do grupo Repórteres Sem Fronteiras na França, Jean François Julliard, pediu que o governo francês emita comunicado em defesa de Liu.
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