Segundo um levantamento divulgado pelo Ministério do Trabalho nesta terça-feira (28), o número de jovens que não estudam, não trabalham e não estão procurando emprego aumentou no último ano. No primeiro trimestre de 2023, o Brasil registrava 4 milhões de jovens nessa situação, e esse número subiu para 5,4 milhões no mesmo período deste ano. Do total, aproximadamente 60% são mulheres, a maioria com filhos pequenos, e 68% são negros, conforme o estudo.
PANDEMIA DA COVID RESPONSÁVEL POR PARTE DOS NÚMEROS
Os chamados jovens "nem-nem", que incluem aqueles que não estudam, não trabalham e não estão procurando emprego, somados aos desocupados (3,2 milhões), totalizam 8,6 milhões no Brasil atualmente.
Esses dados foram apresentados por Paula Montagner, subsecretária de Estatísticas e Estudos do Trabalho, durante o evento "Empregabilidade Jovem" realizado pelo Centro de Integração Empresa-Escola (CIEE) em São Paulo (SP). Montagner atribui parte desses números ao impacto contínuo da pandemia de Covid-19 e ressalta o papel do trabalho de cuidado desempenhado pelas mulheres na sociedade.
TAXA DE PARTICIPAÇÃO DOS JOVENS
Com base na PNAD Contínua do IBGE, os jovens entre 14 e 24 anos constituem 17% da população brasileira, totalizando 34 milhões de pessoas. A maioria desse grupo (39%) reside na região Sudeste, com metade deles concentrados no estado de São Paulo.
Segundo o levantamento, a taxa de participação desses jovens no mercado de trabalho ainda não recuperou o nível de 2019, que era de 52,7% no primeiro trimestre. No mesmo período deste ano, a porcentagem é de 50,5%.
Esta taxa inclui jovens ocupados e desocupados que estão em busca de emprego. Não são contabilizados aqueles que estão fora do mercado de trabalho devido a outras atividades, como trabalhos de cuidado ou dedicação exclusiva aos estudos.
MERCADO INFORMAL
Em 2024, dos 14 milhões de jovens ocupados entre 14 e 24 anos, 45% (6,3 milhões) trabalham na informalidade. Apenas cerca de 2 milhões atuam em ocupações técnicas, culturais, ou de informática e comunicações, que têm menor informalidade.
A maioria, aproximadamente 12 milhões, está em ocupações de baixa qualificação ou remuneração, incluindo trabalhadores de controle de abastecimento, escriturários, repositores, caixas, recepcionistas, balconistas e vendedores.
APRENDIZ E ESTAGIÁRIO EM ALTA
Entre 2011 e 2024, o número de aprendizes no Brasil dobrou, totalizando 602 mil atualmente. Destes, 59% não concluíram o ensino médio, o que reflete nos tipos de postos de trabalho ocupados, muitos dos quais são formalizados, mas não necessariamente indicativos de uma carreira futura.
Em relação aos estagiários, seu número cresceu 37% entre 2023 e 2024, alcançando 877 mil. A maioria atua em empresas privadas (51%), mas uma parcela significativa está no setor público (40%), especialmente na administração pública (30%) e no Judiciário (7%).
Apenas 46% dos estagiários recebem bolsa-auxílio ou salário, com valores médios variando de R$ 712 a R$ 1.314, dependendo da jornada de trabalho.