Uma cena curiosa compartilhada na terça-feira por Leandro Silveira, fundador do Instituto Onça-Pintada, mostra duas onças em acasalamento dentro de um cativeiro. Uma delas possui pelagem completamente preta, enquanto a outra exibe as tradicionais manchas características da espécie.
Cruzamento é comum na natureza, como seria o filhote?
O cruzamento ocorre na natureza e ambas são onças-pintadas. "Sim, é comum esse tipo de cruzamento na natureza, pois ambos os animais pertencem à mesma espécie", explica Marco Majolo, diretor técnico da Animália Reserva e mestre em Zoologia. Segundo ele, a onça preta é apenas uma variação da onça-pintada, resultado de uma mutação genética chamada melanismo.
Os filhotes podem ter cores diferentes. "Os filhotes podem nascer tanto com pelagem preta quanto amarela (pintada). Isso independe de qual dos pais seja preto ou pintado", explica Majolo. Ele acrescenta que, em uma mesma ninhada, podem surgir indivíduos com ambas as variações.
O fator genético influencia. "O filhote pode nascer tanto com padrão melânico (preto) ou amarelo. Depende da carga genética dos antecedentes", afirma a veterinária Christina Whiteman, analista ambiental do Ibama, que trabalha com carnívoros silvestres.
Onça-pintada pode pesar até 130 kg
O peso varia conforme o bioma, de acordo com os especialistas. "Para se ter uma ideia, uma onça pode chegar a 130 kg , mas na Mata Atlântica gira em torno de 70 kg, pois o bioma está ameaçado", explica Majolo.
A onça do Pantanal é maior. "As onças no Pantanal são bem maiores, enquanto as da Amazônia têm porte menor, uma característica relacionada à adaptação ao tipo de ambiente, mas a espécie é uma só e se trata da Panthera onca.", explica Whiteman. "A onça-pintada tem uma dieta variada, predando aves, mamíferos e répteis", acrescenta Whiteman.
Questões com a Justiça do Instituto Onça-Pintada
Em dezembro, o Ibama anulou uma série de multas recebidas pelo Instituto Onça-Pintada em junho, em uma autuação por supostos maus-tratos e mortes de 72 animais, entre 2016 e 2022. Segundo a Folha de S. Paulo, a anulação foi assinada por Jônatas Souza da Trindade, presidente substituto do Ibama.
As multas chegavam a R$ 452,5 mil. Ainda segundo a Folha, foi apontado que a Semad (Secretaria Estadual de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Goiás) realizou fiscalizações no criadouro e verificou a regularidade do local. Um relatório discordante da autuação citou "tecnicamente posição pela inocorrência da infração" e apontou que a Semad, e não o Ibama, é o órgão fiscalizador do IOP.
(Com informações do repórter Giacomo Vicenzo/UOL)