Um levantamento realizado pela Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que o custo anual com acidentes de trânsito nas rodovias federais do Piauí é de quase R$ 232 bilhões. Em média, é como se cada piauiense tivesse desembolsado cerca de R$ 175 mil para custear essas ocorrências. E esse cálculo é conservador, já que os casos com vítimas fatais são os que mais oneram a coletividade. Só na última década, duas mil pessoas morreram em acidentes ocorridos nas BRs que cortam o Estado.
Os números fazem parte do tradicional Painel CNT dos Acidentes Rodoviários, edição 2020, divulgado anualmente pela entidade, e que aponta ainda uma média de 39 acidentes com vítimas a cada 100 km de rodovias federais no Piauí. Isso equivale a um acidentado a cada dois quilômetros e meio. Ano passado, conforme dos dados, foram 1,2 mil acidentes registrados no Estado, com um total de 965 vítimas, das quais 159 perderam a vida.
Segundo o estudo, a cada 100 acidentes com vítimas no Piauí, 16 pessoas morreram em 2020. Esse índice é, inclusive, maior que a média nacional que ficou em 10 mortos na mesma proporção. Para Vander Costa, presidente da CNT, os índices de acidentes, especialmente os com vítimas fatais, revelam a necessidade de investimentos efetivos em infraestrutura rodoviária, na formação dos condutores e na ampliação de campanhas educativas com foco na segurança no trânsito.
“Reduzir o número e a gravidade dos acidentes rodoviários é promover o transporte no país, com benefícios claros à economia e à sociedade. Assim, desenvolver ações voltadas à melhoria das condições viárias, à capacitação dos motoristas e à segurança veicular são a melhor estratégia para a superação desse grave problema”, pontuou o sindicalista.
O tipo mais frequente de acidentes com vítimas nas rodovias federais do Estado é a colisão. Foram 581 ocorrências (60,2% do total) ano passado. Já o automóvel foi o tipo de veículo mais envolvido em acidentes com vítimas (38,9% do total), seguido das Motos (38,8%) e dos caminhões (15,7%). E a maioria dos acidentes ocorre aos sábados e domingos, inclusive as mortes, que no Piauí o perfil da vítima é do sexo masculino (82%) com idade entre 26 a 45 anos de idade (49%).
O Piauí é cortado por dez rodovias federais e no levantamento nove delas registraram acidente e mortes. A estrada com o maior número de acidentes, ano passado, foi a BR-343, onde foram contabilizados um total de 396 acidentes com vítimas. No que se refere diretamente ao número de mortes, é a BR-316 a mais mortal, com 46 vidas perdidas ano passado, ou seja, quase 29% do total. Logo após vem a BR-343, com 39 vítimas fatais, e em terceiro a BR-135, mais conhecida como rodovia da morte, e que em 2020 registrou 33 ocorrências com mortes.
A assessoria de comunicação da CNT informou que o Painel tem como base os dados coletados pela Polícia Rodoviária Federal. No entanto, o setor de comunicação da PRF do Piauí informou, nesta terça-feira (2), que os números informados pelo órgão de transporte estão equivocados e que não refletem a realidade. Foi informado, também, que ainda este mês a superintendência nacional da PRF, em Brasília, vai divulgar todos os dados e ações da instituição referente ao ano de 2020.
“Comunico que os dados oficiais ainda serão divulgados, tanto em nível nacional quanto do Piauí. Além disso, a Polícia Rodoviária Federal é a única instituição que tem propriedade e autoridade no assunto para fazer análise de dados de acidentes em rodovias federais, tendo em vista que a instituição é capaz de proceder com análises através de sistemas de pontos críticos e de índices de acidentalidade", detalhou em áudio o inspetor Alexsandro Lima, chefe do setor de comunicação da PRF no Estado