
Uma serpente considerada a mais rara do mundo, a jiboia-do-ribeira (Corallus cropanii), foi vista pela primeira vez em Juquiá, no interior de São Paulo. O animal foi encontrado por um morador em uma estrada rural e logo identificada por especialistas como um exemplar vivo da espécie, que está oficialmente classificada como vulnerável à extinção.
Encontro inédito e mobilização local
A jiboia, que pode atingir até 1,80 metro e não possui veneno, foi registrada em fotos e vídeos pelo morador, que inicialmente pensou tratar-se de uma jararacuçu. A gravação foi enviada à Secretaria de Meio Ambiente e Agricultura de Juquiá, que acionou o biólogo Jader Costa, responsável por um projeto de conservação da espécie.
Costa e outros especialistas realizaram buscas intensas no local onde o animal foi filmado. Embora não tenham reencontrado a serpente, localizaram vestígios de sua presença. A equipe também iniciou um trabalho de educação ambiental, distribuindo panfletos e conversando com a população sobre a importância da preservação.
A espécie é endêmica do Vale do Ribeira e tem hábitos arbóreos, o que dificulta ainda mais sua visualização. A maioria dos registros até hoje foi de exemplares mortos.
Tráfico e conservação preocupam autoridades
O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) acompanha o caso de perto. O órgão alerta para o risco de tráfico de animais silvestres, intensificado após a repercussão da descoberta.
Carlos Abrahão, coordenador do Plano de Ação Nacional para a Herpetofauna Ameaçada do Sudeste, explicou que ações de conservação já estão sendo articuladas na região. Segundo ele, é essencial que os moradores compreendam a raridade e relevância mundial da espécie.
“É importante que a população de Juquiá ajude a proteger a espécie e seu habitat. A jiboia-do-ribeira representa um símbolo da nossa biodiversidade e merece atenção”, declarou.
Histórico da espécie
A jiboia-do-ribeira foi descrita pela primeira vez em 1953, a partir de um exemplar levado vivo ao Instituto Butantan. Desde então, a espécie foi vista pouquíssimas vezes. Em 2017, após 60 anos de buscas, pesquisadores da USP e do Instituto Butantan encontraram um novo exemplar. Outros registros aconteceram em Sete Barras nos anos de 2020 e 2022.
Com a nova aparição, Juquiá entra no mapa da conservação da Corallus cropanii, e reforça a importância de proteger a fauna nativa brasileira.