Pesquisadores identificaram, em dezembro de 2020, pela primeira em vez, uma mutação com a capacidade de modificar a proteína spike — usada pelo coronavírus para entrar e se fixar nas células humanas —, que tornava o agente infecioso ainda mais fatal. A descoberta foi publicada em artigo na revista Galileu e foi feita por investigadores da Escola T.H. Chan de Saúde Pública, da Universidade de Harvard, e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, nos Estados Unidos.
Os estudiosos uniram-se com o objetivo de realizar um estudo de associação ampla do genoma do novo coronavírus Sars-Cov-2, causador da Covid-19, usando o método que é conhecido internacionalmente pela sigla GWAS.
Na altura, a variante foi detectada em amostras de 7.548 amostras de pacientes brasileiros, presentes na plataforma internacional de dados genômicos GISAID.
Posteriormente, explica a Galileu, essa mutação foi denominada de Gama (P.1) ou 'variante de Manaus' e incluída na lista de 'Variantes de Preocupação' da Organização Mundial da Saúde (OMS).
Transmissibilidade
No estudo divulgado no jornal Genetic Epidemiology, na última terça-feira, dia 22 de junho, os autores da pesquisa apontam também que essa mutação foi associada a um grau impressionantemente veloz de transmissibilidade. Sendo atualmente, a estirpe predominante em todo o Brasil.
Num comunicado, Christoph Lange, professor de bioestatística na Escola T.H. Chan de Saúde Pública, disse: "com base em nossa experiência, a metodologia GWAS pode fornecer ferramentas adequadas que podem ser usadas para analisar ligações potenciais entre mutações em locais específicos em genomas virais e o resultado da doença.
Acrescentando: "tal pode permitir uma melhor detecção em tempo real de novas mutações deletérias [consideradas desfavoráveis para o hospedeiro] e novas cepas virais em pandemias".
Metodologia GWAS
O estudo destaca igualmente a importância da metodologia GWAS como uma ferramenta útil para detectar mutações virais mais transmissíveis em tempo real, tendo como base a análise de bancos dados de bancos genômicos, como é o caso do GISAID.
"Esperamos também que essa abordagem funcione em cenários semelhantes envolvendo outras doenças, desde que a qualidade dos dados coletados em bancos de dados públicos seja suficientemente alta", afirmou, em nota, Georg Hahn, investigador associado e professor de bioestatística na Escola T.H. Chan de Saúde Pública e coprimeiro autor do estudo.