Desde sua estreia, a série "Emily em Paris" conquistou um lugar especial entre os fãs da Netflix, mantendo-se constantemente no topo das preferências. A quarta temporada, lançada recentemente, prometia continuar o sucesso, mas há pontos que precisam ser revistos.
Ao longo das temporadas anteriores, a série sempre nos brindou com maratonas de dezembro, que casavam perfeitamente com o recesso de Natal. Era o momento de mergulhar na leveza da série, aproveitar os visuais deslumbrantes da França, os looks impecáveis e os dramas de Emily. Contudo, a quarta temporada muda as regras do jogo. Não só tivemos que esperar quase dois anos pelo retorno, como também a Netflix optou por lançar a produção em agosto e em duas partes, uma estratégia que se tornou comum, mas nem sempre bem-sucedida, infelizmente.
Os cinco primeiros episódios da Parte 1 não conseguiram recapturar o encanto das temporadas anteriores. A narrativa parece perder o foco em personagens e histórias que antes cativavam. Mindy, por exemplo, inicia a temporada em busca de dinheiro para que sua banda participe do Eurovision, mas essa trama é deixada de lado. Julien, que considerava um novo rumo em sua carreira, rapidamente volta à estaca zero, como se sua evolução não tivesse importância. Camille, que antes tinha uma presença forte, agora parece existir apenas para alimentar o drama entre Emily e Gabriel.
Além disso, a série concentra-se apenas na relação de Emily com Gabriel, deixando de lado outros aspectos da vida da protagonista, especialmente no ambiente de trabalho, que sempre foi uma fonte de tensão interessante. A decisão de dividir a temporada em duas partes também é questionável; com uma primeira metade decepcionante, a Parte 2 terá que se esforçar muito para reconquistar a confiança dos fãs.
Ainda assim, nem tudo é negativo. A série toca em questões importantes, como a história de Sylvie, que ganha destaque merecido nesta temporada. A tentativa de Sylvie de retomar a vida com o marido, Laurent, e a complexa relação com sua querida mãe trazem um frescor à trama. Mas o verdadeiro ponto alto é a integridade de Sylvie ao relatar o abuso dentro da JVMA, um tema abordado com a seriedade que merece.
No final das contas, com seu jeitinho, "Emily em Paris" ainda tem seus encantos, mas precisa correr atrás e recuperar a magia que fez dela um fenômeno. A esperança agora está na segunda parte da temporada, que tem a difícil tarefa de restaurar o humor e a lealdade dos fãs. Confira o trailer: