Senso de urgência e tom duro: políticos do Piauí acertam na crise

Senso de urgência e tom certo: políticos do PI acertam na crise

Por Sávia Barreto

“Se você vai passar pelo inferno, não pare de andar”, do falecido primeiro-ministro britânico e líder na Segunda Guerra, Winston Churchill, que ergueu a resistência ao ditador alemão Adolf Hitler.

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Além de qualquer disputa ou preferência política, a crise para combater a disseminação do coronavírus no Piauí têm revelado – para a surpresa de tantos - serenidade, senso de urgência e pulso das autoridades políticas ao lidar com um momento coletivamente delicado.

É preciso ter coragem política para tomar medidas como as que foram anunciadas pelo governador Wellington Dias, o prefeito Firmino Filho e os demais prefeitos no interior do Piauí, além do Legislativo estadual e da capital, através do deputado Themístocles Sampaio e do vereador Jeová Alencar, presidentes de cada Poder, respectivamente.

VOTOS TÊM CONSEQUÊNCIAS

Com picuinhas ideológicas exacerbadas nos últimos anos, esquecemos que os políticos são eleitos para formar governos, votar leis e adotar determinado projeto de implementação de políticas públicas. Agora, está perceptível a todos que os votos têm consequências e que decisões acertadas em gestão pública consistem na diferença entre a vida ou a morte de milhões de pessoas.

ERROS E ACERTOS

Gostar do governador, do prefeito, de vereadores ou deputados deixou de importar. A questão que se impõe agora é: nossos políticos estão tomando as medidas corretas para o bem-estar coletivo? A resposta no Piauí é sim. Naturalmente há críticas sobre a velocidade e abrangência de determinada medida e cito especificamente o caso dos call centers em Teresina e os bancos e loterias que seguem injustificadamente abertos.

VIDA VALE MAIS QUE ATIVIDADE ECONÔMICA

Para um gestor público - como o governador Wellington Dias fez com decreto ainda na quinta-feira - mandar fechar estabelecimentos comerciais afeta tanto a vida da população como de empresários e do próprio governo, que também vai deixar de arrecadar com a diminuição da atividade comercial. No Piauí a previsão é que caia 20% a arrecadação já em abril. Mas a vida das pessoas está em jogo e não é a atividade econômica que vai prevalecer sobre a população nesse momento.

RETÓRICA IMPORTA

A retórica também é importante. Ao usar as redes sociais em uma live no sábado, Firmino Filho adotou um tom enfático. Ele usou expressões como “não é somente uma gripe, é uma ameaça de morte”, “Teresina precisa parar”, “nunca enfrentamos um desafio como esse”, “esse vírus deixou um rastro de morte por onde passou”. Os discursos dos líderes políticos transmitem – ou deixam de passar – o modo como um povo deve encarar uma adversidade. Firmino deu o recado. Fora da bolha de uma classe média razoavelmente esclarecida e escolarizada, há muita gente sem acesso à internet, à TV a cabo e às nuances das informações da gravidade do caso. Por isso, nossos políticos devem ser exemplo.

O PAPEL DO ESTADO

Entramos no ano de 2020 com a certeza de que a discussão política seria pautada nos pilares das reformas administrativa e tributária, no máximo um aprofundamento no debate da questão social. Não que os temas tenham deixado de importar, mas agora eles vão além e questiona-se também a eficácia de um estado liberal em um país subdesenvolvido como o Brasil, agora que o Estado, mais do que nunca, se torna essencial para dar o norte e a organização das instituições, empresas e comportamento social, como lembra à coluna o economista e servidor público Paulo Pereira Júnior.

“Temos que levar a resposta do estado liberal a essa crise socioeconômica. Essa é a guerra que essa geração nunca viveu. As pessoas vão sucumbir à doença e nesse primeiro momento representa um decréscimo da força do trabalho, desvalorização de moedas”, destacou o economista. “O mercado total não vai encontrar espaço, especialmente na América Latina, que as pessoas vão estar vulgarmente expostas. Liberalismo não responde a essa crise e o Brasil precisa saber que modelo vai adotar daqui para frente. Pessoas vão precisar de crédito, de seguridade social”, afirmou Paulo Pereira.

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