José Osmando

Coluna do jornalista José Osmando - Brasil em Pauta

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Exclusivo Taxas de juros bancários chegam a 25,8% e Copom deve aumentar selic na semana que vem

A taxa média de juros cobrados pelas instituições financeiras nas suas operações de crédito, subiu pelo quarto mês consecutivo

No meio às inúmeras informações trazidas ontem ao nosso conhecimento pelo jornalismo focado na economia brasileira, uma notícia jogada lá num canto de página me chamou bastante atenção: a taxa média de juros cobrados pelas instituições financeiras nas suas operações de crédito, subiu pelo quarto mês consecutivo, na verificação realizada até janeiro de 2025, e já atinge 25,8%, o maior percentual desde agosto de 2023.

Essa constatação, que significa uma enorme dificuldade para a alimentação financeira e realização de projetos por parte dos empreendedores, comerciantes, prestadores de serviços,para  toda linha industrial do país, e para o bolso dos trabalhadores, não constitui para mim nenhuma novidade. 

Todo esse aumento exponencial de taxa de juro era previsto, desde quando o Copom do Banco Central resolveu elevar de modo progressivo e rotineiro as taxas Selic, que em Agosto do ano passado estavam em 10,50% e neste momento já se encontram em 13,25%, consequência dos quatro aumentos adotados nas últimas sessões desse órgão do BC, a partir de setembro de 2023.

O que o Banco Central decidiu, a despeito de toda a gritaria dos setores produtores, estava na cara que provocaria uma elevação exorbitante dos juros finais aplicados pelos bancos sobre os empréstimos e financiamentos concedidos aos setores produtivos, trazendo uma consequência maléfica, consubstanciada na elevação dos preços finais aos consumidores, inibindo o consumo das famílias, e, num último estágio, que já começa a se verificar, na redução das atividades industriais e de serviços.

Indústria e serviços, que fecharam o ano de 2024 com crescimento significativo, acima de 3%, os maiores nos últimos 15 anos, começam a já registrar sinais de desaquecimento, o que pode significar uma retração indesejada, que afeta não apenas os seus operadores diretamente envolvidos, mas deve trazer consequências danosas à população.

Para que se tenha comprovação dessa realidade, para que se olhe para os números recentemente liberados pelo IBGE, indicando que no mês de janeiro deste ano, comparado a dezembro passado, o volume de serviços prestados no Brasil caiu 0,2%, marcando já o terceiro mês consecutivo sem apresentar crescimento, diferentemente do desempenho que vinha mostrando de 2023 para cá. Conforme o IBGE, na passagem de 2024 para 2025, a taxa de crescimento do setor serviços, que vinha acima de 3%, já caíra para 2,4%, exatamente expondo as consequências da elevação de juros determinada pelo Copom a partir de setembro.

O mais dramático desse quadro, porém, está por chegar. O Banco Central reúne novamente o Copom nesta próxima semana, nos dias 18 e 19 (terça e quarta-feiras), carregando a certeza de que mais aumento da taxa Selic vem por aí. O invisível mercado, de quem não se conhece a cara nem a gordura do corpo, mas se imagina que se alimenta muito bem de taxas sempre mais altas de juros, aposta pressiona o Banco Central para que novos aumentos sejam determinados. 

E é voz geral entre os analistas do mercado financeiro que o Copom vai subir a Selic em mais 1 ponto percentual, numa tendência que deverá se manter - conforme esse próprio mercado-, pelo menos até agosto. Se isso acontecer, as taxas oficiais do Banco Central sobre os juros básicos da economia ficarão em 14,25%, certamente as mais elevadas do mundo. Isso implica imaginar que nas duas sessões que se seguirão após esse encontro da próxima semana, ainda ocorrerão aumento de taxa.

A previsão do próprio Boletim Focus, do BC, é de que a taxa Selic termine o ano de 2025 em 15,25%, pois haveria ainda crescimento dos juros pelo menos até maio.

Essas notícias desagradáveis sobre aumento das taxas de juros misturam-se a anúncios feitos nesta semana pelo IBGE referentes às taxas de inflação, revelando crescimento no mês passado, e se juntam do mesmo modo a uma notável redução das atividades produtivas, num alerta de que o alarmismo feito  pelos que lucram com juros altos está produzindo os efeitos que eles esperavam. De ver a economia desaquecida, com baixo consumo, dando sempre mais folga para que os especuladores lucrem cada vez mais com negócios obscuros de um sistema que favorece quem não produz. Isso favorecendo os que sonegam impostos, os que nada produzem, e costumeiramente mandam seus ganhos monumentais para paraísos fiscais no exterior.

*** As opiniões aqui contidas não expressam a opinião no Grupo Meio.
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