Um acontecimento que vinha sendo aguardado com merecida atenção desde o ano passado nos meios econômicos, acaba de ser confirmada: a Petrobrás deverá concretizar por esses dias a retomada da Refinaria Landulpho Paiva-, Mataripe, na Bahia, que foi entregue em 2021, pelo governo Jair Bolsonaro, a um consórcio liderado pelo fundo Mubadala, dos Emirados Árabes, sob a denúncia, confirmada mais tarde pela CGU, de que o preço de venda foi bastante abaixo do valor de mercado. A refinaria brasileira foi vendida aos árabes por US$ 1,6 bilhão, pouco mais de R$ 8 bilhões.
Pouco antes de o governo passado entregar a refinaria Mataripe aos árabes, mas quando já havia sinais de que isso aconteceria, o banco BTG Pontual e o Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis(Inee), avaliaram que essa unidade da Petrobrás valeria mais de 3 bilhões de dólares e a empresa de investimentos XP estimou seu valor de venda em US$ 3,5 bilhões, mais do dobro do valor da entrega.
Essa informação sobre o retorno da Rlam ao controle da Petrobrás foi dada pelo próprio presidente da estatal, Jean Paul Prates, na sua conta em rede social, no X, (ex-Twitter) e tem grande relevância, em razão de ter sido a Mataripe a primeira refinaria da Petrobrás(inaugurada em 1950) e o fato de seu peso relevante dentro da companhia brasileira, responsável por mais de 10% da capacidade total da refino.
NEGOCIAÇÕES AVANÇADAS
Conforme o relato de Jean Prates, as negociações estão avançadas e devem se concretizar até final de junho. Prates esteve em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, para reunião com o presidente do fundo Mubadala, tratando dos detalhes de retomada da refinaria, em que os árabes deverão permanecer em parceria estratégica, mas controle e a operação da Landulpho Paiva volta a ser da Petrobrás.
Esta posição do governo Lula de recuperar a refinaria baiana acontece em um momento em que a atual gestão revê contratos e vendas realizadas pelo governo Bolsonaro. Em novembro de 2023, a estatal brasileira decidiu rescindir contrato da entrega de uma refinaria no Ceará, cuja negociação aconteceu em 2022 por um valor de US$ 34 milhões (R$ 167,3 milhões), considerado um preço aviltante.
ORIENTAÇÃO
Quando a Mataripe foi vendida e outras entregas já tivessem sido efetivadas, a Petrobrás seguia uma orientação estratégica do governo, orientada e comandada pelo ministro Paulo Guedes, e continha no seu portfólio de vendas ao menos oito outras refinarias, todas em processo de “desinvestimento”. Ou seja, o governo não tinha realmente nenhum interesse por elas.
O momento atual é o aposto das práticas desse passado recente. A Petrobrás lançou em novembro último o seu Plano Estratégico de Investimentos, prevendo aplicar US$ 102 bilhões entre 2024 e 2028, dos quais 91 bilhões de dólares serão investidos a projetos de implantação de novas unidades. Cerca de 72% do valor do Plano serão aportados em exploração e produção. Somente na área de refino, transporte e comercialização estão reservados 16% e para investimentos em baixo carbono foram reservados 9% do total.
Uma das estratégias dos novos investimentos da Petrobrás ganhou corpo no último mês de janeiro, com a retomada das obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, que deverá produzir 13 milhões de litros de Diesel S10 por dia, levando o Brasil a se tornar autossuficiente na produção desse combustível. Quando finalizada (a primeira etapa dessa retomada já entrará em operação em 2025), a refinaria pernambucana vai contribuir muito para atender a demanda nacional por derivados de petróleo.